A Associação para o Estudo da História e Património do Concelho de Alenquer (Ad Librum) foi constituída em 2023 e uma parte substancial do seu trabalho tem incidido na recolha histórica sobre o 25 de abril no concelho. “Lutaram pela Liberdade” foi a primeira obra dada a conhecer ainda no ano passado, e “Contra o Esquecimento” é o título mais recente. No edifício dos Paços do Concelho de Alenquer está por estes dias uma exposição que retrata o 25 de abril, organizada pelo município e pela associação. A primeira obra foi escrita por José Lourenço, Carlos Areal e Maria José Porém e consistiu no ponto de partida para a constituição da associação já no final do ano passado.
O título “Lutaram pela Liberdade” incidiu “numa recolha de todos os presos políticos do concelho de Alenquer com uma pequena biografia, indicando os motivos pelos quais foram detidos, bem como a divulgação da ficha política de cada um deles, que fomos encontrar na Torre do Tombo, no arquivo da PIDE”, realça José Lourenço à nossa reportagem. Foram apurados 127 nomes. “Muitos eram republicanos, outros eram militares inconformados, mas temos de tudo um pouco. Alguns deles foram para as tenebrosas cadeias de Angra do Heroísmo e do Tarrafal. Houve a tentativa de criar uma delegação do PCP no concelho e foram presos muitos homens”.
Já a obra mais recente, também dos mesmos três autores, é um livro de investigação sobre a ditadura no concelho desde 1926 a 1974. Será composto por dois volumes. “O primeiro dá conta do concelho de Alenquer nos seus aspetos demográficos, sociais e políticos e vai desde o início da ditadura até à eleição do General Humberto Delgado”. O segundo a editar no futuro fará a cobertura de 1958 a 1974. Alenquer “era uma vila com caraterísticas muito industriais, com mais de 1500 operários, com forte tradição republicana”, o que fazia dela um ponto de observação por excelência da PIDE, considera.