O cancro da mama é uma das formas mais comuns de cancro entre as mulheres, e o diagnóstico pode ser um momento avassalador. A preocupação com o tratamento, a incerteza do futuro e as mudanças físicas podem desencadear uma série de desafios emocionais, como ansiedade, depressão e medo. É, por isso, vital reconhecer que o bem-estar emocional desempenha um papel crítico na recuperação do cancro da mama.

O cancro da mama é o tipo que mais atinge as mulheres em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. Cerca de 2,3 milhões de casos novos foram estimados para o ano de 2020 em todo o mundo, o que representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas nas mulheres.

Estima-se que, em 2020 em Portugal, 7000 mulheres tenham sido diagnosticadas com cancro da mama e 1800 tenham morrido com esta doença. Apesar de ser o tipo de cancro mais incidente na mulher (com maior número de casos), cerca de 1 em cada 100 cancros da mama desenvolvem-se no homem.

Os dados são da Liga Portuguesa Contra o Cancro e revelam uma realidade que atinge cada vez mais mães, mais filhas, mais avós. Este mês de outubro termina com o Dia Nacional Da Prevenção do Cancro da Mama. Um mês que todos os anos é pintado de rosa para consciencializar o mundo para a importância da prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento, mas também é uma oportunidade para lembrar que a saúde mental é uma parte crucial da jornada de luta contra o cancro da mama. Ao apoiar emocionalmente as mulheres que enfrentam essa doença, estamos a contribuir para uma recuperação mais completa e uma melhor qualidade de vida.

Sabemos que as doenças oncológicas têm um forte impacto quer na vida dos doentes e quer das suas famílias, com consequências a nível físico, emocional, económico, social e laboral. Sem prejuízo de termos hoje legislação que estabelece um conjunto de direitos e de benefícios para apoiar e proteger os doentes, no apoio à doença é muito importante que todo o universo relacional que envolve a doente esteja devidamente informado e capacitado para o percurso que ela terá de enfrentar. Seja, desde logo, na família, seja na empresa ou instituição onde trabalha, seja ao nível da rede de suporte de quem trabalha no ou para o SNS, é determinante que exista essa comunhão de vontades e de ações concertadas para colocar o bem-estar da doente no centro de todas as preocupações.

E é por isso que neste Outubro Rosa, ou em qualquer outro mês, devemos lembrar que o apoio emocional é uma parte fundamental do cuidado com a saúde. É essencial que as mulheres diagnosticadas com cancro da mama tenham espaço para partilhar o que pensam, o que sentem e as suas preocupações com amigos, familiares, colegas de trabalho e profissionais de saúde. Uma comunicação aberta pode ajudar a aliviar o stress e promover uma melhor compreensão do que estão a viver. Um diálogo sem tabus pode afastar os fantasmas desnecessários ou falsos alertas.

E, neste cenário que atinge tantos de nós, é importante também ter uma perspetiva mais corporativa, uma preocupação legitima com o capital humano que compõem os recursos de uma empresa ou de uma instituição. Por mais cliché que seja, as empresas e as instituições são feitas de pessoas. Sem um olhar atento sobre as saúdes física e mental dos colaboradores, a engrenagem pode encravar.

Se a empresa ou a instituição não puder investir em ações de prevenção, por questões orçamentais, o departamento de recursos humanos pode elaborar campanhas, sublinhando a importância de mulheres com mais de 40 anos fazerem exames clínicos regulares, destacando ainda medidas positivas a longo prazo, como a prática de exercício físico, a adoção de uma alimentação saudável e equilibrada e o combate ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas e ao tabagismo. Essas últimas práticas são positivas não apenas nesse quadro preventivo, mas para tudo mais que concerne uma vida plena e saudável.

Termino com o meu aplauso para a forte adesão de milhares de pessoas que nesta altura, em múltiplas atividades por todo o país, se mobilizam para esta causa. A nossa participação e a consciencialização que se enfatiza em outubro sobre a prevenção do cancro de mama deve fazer parte do nosso calendário de janeiro a janeiro, sem férias. Além disso, é dever de todos, das esferas pública e privada, das pessoas físicas e jurídicas, semear as ideias de cuidado consigo e de entreajuda com os próximos. É nestes princípios que se constroem comunidades mais solidárias, mais justas e mais humanistas.

 

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