Depois dos painéis solares pode vir a caminho a indústria do hidrogénio verde para o concelho de Azambuja. Há várias empresas interessadas em fixar-se no alto do concelho, e numa das últimas reuniões de Câmara, foi aprovado o estatuto de interesse público municipal para a Molécula Audaz Unipessoal Lda, com sede em Faro, mas que pretende instalar a sua unidade de produção no concelho de Azambuja. O vereador do PSD em reunião de Câmara, Rui Corça, defendeu que o município deveria estudar e fazer um compasso de espera dado de que mais pedidos estão em vias de chegar por parte de outras empresas ao município. Já a vereadora do Chega, Inês Louro, criticou mais uma vez a política de mãos largas da Câmara quando toca a dar interesse público municipal a todos os pedidos sem medir os prós e os contras. A maioria socialista aprovou o pedido em nome da sustentabilidade ambiental e da independência energética.
O hidrogénio verde face ao azul e ao cinzento reside na fonte de energia utilizada para a sua produção, cuja proveniência é de fontes renováveis, como a solar, a eólica ou a hídrica, e na utilização da água como fonte do combustível. A proximidade à futura central solar da Torre Bela e à Companhia Logística de Combustíveis está a fazer movimentar estas empresas para este concelho, até porque a proximidade junto aos pontos de distribuição é um fator crítico, devido ao elevado custo de transporte, o que será minimizado se a opção for Azambuja. O hidrogénio verde, além das vantagens de sustentabilidade ambiental e independência energética, apresenta a possibilidade de ser transportado por longas distâncias, de ser armazenado e de se revelar o substituto mais imediato do gás natural, pelo menos em parte da sua utilização.
“Queremos evitar a distribuição indiscriminada destas unidades de produção, e avaliar questões como os postos de trabalho, a perigosidade no seu manuseamento. Defendemos que deveríamos ter mais tempo para analisar a mais-valia para não corrermos atrás do prejuízo”, defende Rui Corça. Por outro lado, questiona a compatibilidade entre estas indústrias e o roteiro para a descarbonização levado a cabo pelo município, sendo certo que um dos objetivos no uso daquela energia prende-se, precisamente, com a necessidade de reduzir as emissões de CO2.
Inês Louro censurou de novo, durante a reunião de Câmara, a política do município em continuar a atribuir interesse público municipal a empresas para os mais diversos fins, na ausência de Plano Diretor Municipal. O vice-presidente da autarquia, António José Matos, aproveitou a deixa que tem sido pedra de toque do Chega neste mandato para recordar que Inês Louro, aquando presidente de junta de Azambuja eleita pelo PS, conferiu interesse público municipal a várias empresas, sendo que algumas delas até deixaram de trabalhar no concelho.
Silvino Lúcio, presidente da Câmara, acredita nos benefícios que este tipo de empresas pode trazer para o concelho, “porque o hidrogénio é o petróleo do futuro e queremos dar esse contributo”.
O hidrogénio verde permite obter um combustível universal, leve e muito reativo — por meio de um processo químico conhecido como eletrólise. Este método utiliza a corrente elétrica para separar o hidrogênio do oxigênio que existe na água. Por esta razão, se essa eletricidade for obtida de fontes renováveis, então produzir-se-á energia sem emitir dióxido de carbono na atmosfera.