O programa de incentivos à fixação de médicos no concelho de Benavente através de um pacote criado pelo município não está a ter os efeitos pretendidos. Em declarações ao Valor Local, Carlos Coutinho, presidente da autarquia dá conta que o incentivo de 1100 euros por mês para efeitos de pagamento de renda de casa, ações de formação ou despesas de deslocação não se afigura como atrativo para os clínicos de medicina familiar ou sem especialidade que possam vir a dar consultas na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Benavente e na extensão de Santo Estevão. “Tem sido dito pelos médicos que o que esperam é um aumento da remuneração base por parte do Ministério da Saúde”.
Já quanto ao programa Bata Branca que no concelho de Benavente não se implantou como pretendido, conforme o Valor Local deu conta na sua edição de agosto, e que poderia colmatar falhas do SNS junto de quem não tem médico de família, Carlos Coutinho desvaloriza, dado “não passa de uma medida de recurso”. Recorde-se que o programa Bata Branca permite a colocação de médicos em horário pós-laboral nos centros de saúde através da celebração de um protocolo com uma IPSS e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT). Para Carlos Coutinho o programa em causa “não consegue efetuar um seguimento contínuo do doente”, não passando de “uma consulta de recurso”.
O autarca espera que a implementação das unidades locais de saúde cujo arranque está previsto para inícios de 2024, possa “produzir efeitos mais favoráveis na contratação de médicos”, e que no concelho de Benavente seja possível “estabilizar a criação de uma Unidade de Saúde Familiar( USF) tipo B”, tal como de resto acontece já na USF de Samora Correia, onde a problemática da falta de médicos não se coloca.
Nesta altura e para Benavente e Santo Estevão, seriam necessários seis médicos de família. Atualmente apenas dois prestam consultas naquela parte do concelho. O autarca deposita as sua esperanças na futura USF que no mínimo e para arrancar “deve congregar cerca de quatro médicos” mais enfermeiros e assistentes médicos. Carlos Coutinho encontra-se expectante quanto à futura Unidade Local de Saúde do Estuário do Tejo que permitirá uma única direção para os centros de saúde dos concelhos de Benavente, Alenquer, Azambuja, Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos em articulação com o hospital. Carlos Andrade Costa, atualmente, presidente do conselho de administração do HVFX, ficará a cargo no futuro da gestão dos centros de saúde. “Vamos ver como será o modelo de governação, visto que temos unidades onde as coisas correm bem e outras menos bem, e a sua articulação com os cuidados hospitalares, sendo certo que a falta de médicos é transversal e premente”.