A Câmara Municipal de Azambuja vai contribuir com um subsídio de 250 mil euros para que os bombeiros de Azambuja possam comprar um carro de desencarceramento. A notícia foi dada na cerimónia solene dos 91 anos dos bombeiros de Azambuja pelo presidente da autarquia, Silvino Lúcio.
Esta era uma das prendas mais ansiadas pelos soldados da paz que há vários anos lutam para ter uma viatura em condições, já que a atual não oferece garantias de segurança. Silvino Lúcio sublinhou a importância deste subsídio, até pela necessidade de manter a operacionalidade da associação.
O autarca enumerou algumas das empresas que ao abrigo da lei do mecenato já contribuíram para a aquisição da viatura, angariando mais de 170 mil euros, o que significa mais de metade do valor da viatura. Silvino Lúcio refere agora que o remanescente ficará a cargo da Câmara “cuja utilização fará a diferença entre a vida e a morte de qualquer ser humano”.
Esta era de facto uma prenda esperada, e até desesperada. Recentemente na Rádio Valor Local, o presidente da direção Manuel Arraião e o comandante Ricardo Correia, lamentavam o facto de a viatura não ter sido entregue mais cedo. Os preços ultrapassaram o dobro do expectável, com a guerra na Ucrânia e a subida dos materiais.
Para Ricardo Correia, este veículo é quase “um canivete suíço” dada a complexidade de operações que pode significar, sendo igualmente uma viatura que durará mais tempo que um dito carro de desencarceramento normal.
Nesta cerimónia, Manuel Arraião, aproveitou para lembrar esta e outras necessidades. O presidente da associação recordou a falta de instalações condignas para os bombeiros, dado que o atual quartel já se encontra ultrapassado. Algo que o presidente da Câmara, Silvino Lúcio, disse estar a par e anunciou que a Câmara está agora a rever os projetos urbanísticos da denominada “Frente Urbana de Azambuja”, para que os terrenos possam ser reclassificados e o quartel possa ser edificado.
No entanto, há muitos outros desafios a serem ultrapassados no futuro. A presidente do Conselho Fiscal, Conceição Maurício, aproveitou a presença das várias individualidades, nomeadamente das estruturas nacionais dos bombeiros e da secretária de estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar, para recordar o tratamento que considera impróprio por parte destas entidades, mas sobretudo do Estado às associações de bombeiros. Os atrasos sucessivos nos pagamentos devidos aos bombeiros, entre outras questões, estiveram nos tópicos lançados pela presidente daquele órgão aos presentes.
Comandante dos bombeiros queixa-se da saída de operacionais para a logística de Azambuja
Há, no entanto, outros desafios que os bombeiros de Azambuja estão a tentar ultrapassar. Trata-se da necessidade de mais operacionais, mas cujos ordenados sofrem com uma forte concorrência das empresas de logística de Azambuja.
Ricardo Correia, comandante dos bombeiros, destaca entre outras questões o facto de os bombeiros não poderem acompanhar os salários dessas indústrias, local para onde muitos operacionais estão a ir, tendo em conta as condições oferecidas.
Dirigindo-se à secretária de Estado, Ricardo Correia referiu o facto de na corporação se pagar um pouco acima do ordenado mínimo nacional “o que não é digno”. “Estamos num sítio onde a atividade logística, nomeadamente, a de algumas empresas, compete diretamente com o corpo de bombeiros”.
Patrícia Gaspar disse estar ao corrente das preocupações dos bombeiros de Azambuja. A governante diz não existirem soluções fáceis para os desafios atuais. “Não tenho aqui uma varinha mágica para percebermos como podemos evitar que a dificuldade que já existe se prolongue mais no tempo”, referiu Patrícia Gaspar que conhece bem o problema no que toca aos recursos humanos nestas casas.
“Sei que é cada vez mais difícil arranjar voluntários para os bombeiros e para as direções. Sei que não é fácil e se calhar até estamos perante uma raça em vias de extinção”, referiu, garantindo que todas as preocupações estão registadas pelo Governo.