Depois da notícia do Valor Local que dava conta da transformação do projeto Hubs Lisbon, do município de Azambuja, numa incubadora fantasma, eis que cinco meses depois, a autarquia anuncia que o projeto nasceu no dia 31 de agosto último. Segundo nota de imprensa da Câmara, 18 empresas fazem agora parte da segunda nova vida da incubadora. Ao que apurámos trata-se, nesta altura, de um espaço para reuniões mediante marcação na antiga Inasi no Largo do Esteiro. Para já, o projeto não terá sofrido grandes alterações em relação ao que estava antes. Contudo o leque de empresas já não é o mesmo que constava do site do Hubs Lisbon, que ainda não se encontra atualizado com os nomes dos novos parceiros.
A cerimónia de inauguração contou com a presença do presidente da Câmara, Silvino Lúcio, que felicitou os empreendedores presentes “pelo que já alcançaram e construíram na concretização dos seus projetos e sonhos, e deixou uma palavra de incentivo afirmando que eles trazem uma injeção de energia e de iniciativa alinhada com a vontade do município em rejuvenescer a comunidade empresarial do concelho”, refere o município em comunicado de imprensa.
A incubadora disponibiliza apenas espaços e serviços coletivos de apoio ao processo de incubação virtual, bem como ações de formação. Ficando para já de fora qualquer perspetiva de ter empresas a trabalhar no edifício, conforme era objetivo inicial da Câmara e como a oposição PSD salientou na nossa edição de abril deste ano.
O projeto da incubadora que faz parte do Programa “Pensar o futuro em torno da Inovação” colocado em prática por Rui Pinto, professor universitário, e que assumiu ainda durante o primeiro mandato de Luís de Sousa (2013-2017) a função de gestor da inovação sofreu várias etapas. O objetivo, conforme o Valor Local, chegou a noticiar pretendia colocar o enfoque nas áreas logística, agroalimentar e química. O desiderato era ambicioso até porque a ideia era mesmo trazer essas empresas fisicamente para o espaço, numa lógica para além da mera caixa de correio. A incubação virtual também fazia parte do projeto, mas de preferência a Câmara queria ter no Largo do Esteiro, na antiga INASI, empreendedores a trabalhar todos os dias, a criar riqueza e de preferência postos de trabalho. Para selecionar as 10 empresas que estariam no arranque de todo o projeto, a Câmara pagou uma verba de 10 mil euros junto do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa para efetuar esse estudo, que teve direito a apresentação pública dos novos empreendedores do Hubs Lisbon. A grande maioria dessas empresas enquadrava-se no desígnio da inovação e do conhecimento, sublinharam as várias entidades presentes. Rui Pinto dizia, numa reportagem publicada pelo nosso jornal em março de 2020, que o objetivo era levar para a incubadora, projetos que respeitassem o lema “Smart Economy; Smart Environment e Smart Leisure” ou seja “Economia Inteligente; Meio Inteligente, e Lazer Inteligente”.
Passados estes anos, deixaram de fazer parte do projeto inicial, entre outras, a Reshape Ceramics que aquando do nosso contacto nos primeiros meses deste ano, nem sabia que fazia parte do Hubs Lisbon; Agentes Ativos da Felicidade; Ming; Media Force; Hey Wash; Escritório Gourmet entre outras. Entram algumas novas empresas sedeadas no concelho de Azambuja, mas que não foram alvo do mesmo processo de seleção das anteriores, ficando por explicar por que motivo a Câmara teve necessidade de recorrer a uma instituição académica para fazer uma primeira triagem de empresas. Entre as novidades estão empresas com sede no concelho, mas que à partida utilizarão o espaço como caixa de correio e para reuniões. São os casos de Dancing Birds; VR2Works; Asterisco Celestial; Algoritmo Suspenso, e até uma empresa sedeada em Sines faz parte do Hubs Lisbon, a Iziwell Unipessoal Lda. O Hubs Lisbon continua a ser uma amálgama de empresas onde se misturam conceitos díspares. Na última reunião de Câmara de Azambuja, o vereador do PSD, Rui Corça, quis saber por que razão a oposição não foi convidada para a inauguração. Silvino Lúcio pediu desculpa e disse que foi um lapso.