Manuel Sousa, reside em Vale do Paraíso, Azambuja, e é um apaixonado pela arte dos bonsais. A primeira experiência que teve não correu bem. A paixão começou na Avisan em Santarém. “Vi lá uma arvorezinha e decidi comprar porque era barata.” O projeto de ter uma destas árvores anãs não vingou. Anos depois, a esposa voltou a oferecer-lhe um bonsai, e desde 2016 que a “paixão” tem vindo a aumentar.
Ainda assim, lamenta não ter sabido mais sobre a primeira árvore que comprou. Afinal o bonsai apenas precisava de tempo. Como árvore de folha caduca que é, o processo de queda de folhas amareladas é natural.
Anos depois, e com mais literatura sobre o assunto, Manuel Sousa começou a arriscar cada vez mais. É certo que esta é uma arte que pode não ser muito barata, mas também não está fora da grande maioria dos bolsos dos amantes da arte do bonsai, que deve ser cuidado e podado com muita frequência. Acima de tudo, o que estas árvores pedem é carinho e atenção.
Anos passados e nesta altura e com muito mais experiência, Manuel integra na sua coleção centena e meia de bonsais, espalhados cirurgicamente pelo quintal. Umas têm sombra, outras têm rega através de nebulizadores, outras através de aspersores, e outras ainda têm especificidades que só quem domina a arte e a paixão pela minúcia consegue atingir. Mas todas são alvo do mesmo carinho por parte de Manuel Sousa, da esposa, e da restante família, que já se habitou a este “hobbie” que está cada vez mais na moda em Portugal.
Manuel Sousa fala com paixão. Do facto de ser importante depois de um dia de trabalho ter algo relaxante para fazer ou para tratar. “Acaba por ser mais do que um hobbie, é uma arte”, destaca.
No entanto é uma arte que dá trabalho. Trabalho e engenho. A rega é feita de uma forma minuciosa e por regra no verão “faz-se de duas em duas horas”, segundo Manuel Sousa, que tem ajuda dos familiares quando não consegue fazer manualmente, ou porque não está fisicamente em casa ou porque o sistema automático não chega a todas as pequenas árvores.
Sobre a arte, garante – “Todas estas árvores que tenho, se as plantar no chão acabam por crescer de forma idêntica a tantas outras árvores”, e explica que é o vaso que serve de travão ao seu crescimento.
Aliás Manuel Sousa, sublinha mesmo que tem até arvores de fruto, como uma nogueira e uma figueira, algo que poderíamos considerar impensável à escala dos bonsais.
No que toca à manutenção, ela varia. A poda é feita nas raízes entre dois e três anos, e esclarece que em alguns casos há a necessidade de cortar grande parte das raízes que ocupam o substrato, que depois não permite a passagem da água.
Mas todas estas técnicas não se aprendem de um dia para o outro. Já são muitos anos a “consumir” literatura de referência através da internet e até de vídeos do Youtube, onde outras pessoas partilham as suas experiências.
Tudo faz parte do ensinamento e crescimento desta arte que está cada vez mais em voga em Portugal. Manuel Sousa diz que para além de algumas lojas como o Leroy Merlin que vendem estes bonsais pontualmente, há já um grande comércio online dedicado aos bonsais.
São plantas que têm valores base a começar nos 10 ou 15 euros, mas uma planta adulta pode atingir facilmente as centenas de euros, dependente da espécie e do tamanho.
Embora a palavra “Bonsai” seja japonesa, a arte que ela descreve tem origem no império chinês. Por volta do ano 700 a.C. os chineses começaram a arte do “Pun-sai”, usando técnicas especiais para cultivar árvores anãs em bandejas.
Originalmente, apenas a elite da sociedade praticava a técnica do “pun-sai” com espécimes coletadas nativas, e, assim, as árvores foram espalhadas pela China como presentes de luxo. Durante o Período Kamakura, altura em que o Japão adotou a maior parte das marcas registradas culturais da China, a arte de cultivar árvores em bandejas foi introduzida no Japão.