Mário Cantiga lançou este fim de semana o seu segundo livro. Com o título “44 Inaudíveis Gritos”, o autor de Alhandra faz uma passagem pela sua vida em 44 textos. O lançamento juntou centenas de pessoas de vários quadrantes numa cerimónia na Sociedade Euterpe Alhandrense, este domingo, 24 de setembro.
À Rádio Valor Local, o autor, que escreve na primeira pessoa, diz que este é um livro que retrata as suas “revoltas” perante o mundo, e perante “o estado da sociedade”.
Esta obra é dividida em três capítulos. Gritos de esperança, gritos da alma e gritos de amor. “Porque nada disto se faz sem amor. Eu não sou católico, mas já Jesus Cristo há dois mil e tal anos disse que a receita para que todos possamos viver no mundo inclusivo é o amor”. Mário Cantiga diz que nesta obra, há destaque para as suas divagações e loucuras”.
Com um passado sindicalista e uma militância ativa até 2020 no PCP, seria imperativo perguntar ao autor, também presidente da União de Freguesias de Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz, se essa passagem da sua vida estaria retratada. O autor, que não foge à pergunta, refere que quem lhe conhece o percurso de vida desde criança, desde o seu primeiro cigarro até à vida atual sabe que “está lá tudo”.
“Todo esse percurso, esse desencanto que eu tenho com os políticos, encontra-se expresso no livro, como as manifestações partidárias que ao invés de captarem as pessoas e conquistá-las para a garantia de direitos, são usadas pelas máquinas político-partidárias e isso está lá claro como água”.
Embora não refira ou nomeie o PCP, onde militou, Mário Cantiga é perentório: “O meu percurso de vida é conhecido e as pessoas já me conhecem”.
A caminho dos 56 anos, Mário Cantiga revela que não tem medo da morte. Mas o assunto é abordado no livro. Aliás, para o autor “a morte está sempre ao nosso lado”, porque os mais próximos também vão falecendo.
“Numa leitura mais atenta dos vários textos deste livro entende-se que o meu grande medo é estar a chegar ao fim. Já vivi mais do que 2/3 da minha vida e que já estou a entrar no último. Gostaria de ficar mais tempo, se calhar para agrado de alguns e para desagrado de outros. Pronto enfim é a vida”.
“Tenho lá um texto sobre a vida que pisei, e em que estou a despedir-me. A morte chegou e já me está a tocar, e acabo depois por dar o beijo da morte e vou-me embora”. E isto é algo que para o autor “é uma inevitabilidade” da qual não vai poder fugir, e lembra que deixa um legado na vida e na família.
Este é um livro de autor cuja compra só é possível através do contacto com Mário Cantiga que atualmente exerce o cago de presidente de junta. O autor salienta e reforça que o texto é composto por reflexões pessoais.