O regresso às aulas representa para todas as famílias uma profunda mudança de rotinas, um surgir de preocupações e, em casos extremos, a emergência de um afeto camuflado por conflitos diários que colocam em causa o que de melhor há no mundo: a relação única entre pais e filhos.
Para uma grande parte dos estudantes trata-se apenas de dar continuidade a um processo que evoluí à medida de expectativas realistas. Para outros, a transição é vivida com grande ansiedade, ou porque ficaram sem os amigos especiais, ou porque o professor preferido não foi colocado, ou ainda porque os pais querem mais, querem sempre mais do que aquilo que o seu filho está disponível para dar.
O início do ano escolar deve ser sentido como uma nova oportunidade, um desafio a ser vivido com a harmonia que qualquer processo de mudança requer, que embora feita de obstáculos, amadurece, responsabiliza e alicerça objetivos de vida. É necessário sentir a escola como uma oportunidade de cada um ser o que consegue ser, de dar o que consegue dar, representando um espaço de excelência para a aquisição de autonomia e para o desenvolvimento pessoal, social e intelectual.
Este é o momento de encorajar os estudantes a partilhar as suas emoções e faze-los acreditar que pode ser normal sentirem-se angustiados, apreensivos e nervosos nesta fase. Cabe-nos a tarefa de lhes transmitir segurança e mostrar-lhes que não estão sozinhos, dando-lhes ferramentas para desenvolverem a capacidade de resiliência e de adaptação.
De reforçar que cada aluno é um ser único e especial, com dificuldades e potencialidades que, quando desvalorizadas, poderão nunca vir a ser convenientemente exploradas.
Neste sentido, podem ocorrer respostas somatizadas à pressão, muitas vezes “externalizadas” através do corpo. Assim, saiba quando poderá valer a pena consultar um profissional de saúde mental:
– alterações no padrão do sono (dificuldades em adormecer, despertar frequente);
– alterações do apetite;
– alterações gastrointestinais (náuseas, vómitos, diarreia);
– dores abdominais de cabeça frequentes;
– comportamento visível e consistentemente diferente (irritabilidade, agressividade, postura desafiante, quietude anormal):
– fobia escolar (experimentar um forte medo e evitamento persistente pode ser um padrão mal-adaptativo de resposta à ansiedade.
Relembre-se: Aprender não se extingue ao espaço escolar, mas surge em tudo o que nos rodeia. Aprender permite-nos sonhar e superar diariamente…
Bom ano lectivo!
Serviço de Psicologia Clínica e da Saúde do Hospital Vila Franca de Xira, EPE.