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Opinião Ana Bernardino: “132 Anos é muito tempo”

Ou seja, a igualdade salarial entre homens e mulheres, segundo a estimativa da décima sexta edição do World Economic Forum no “Global Gender Gap Report 2022”, irá acontecer apenas em 2154!

Há números que nos deixam alerta. E há factos que nos explicam porque é que os homens e as mulheres não ganham o mesmo. A efetiva igualdade de direitos entre as mulheres e os homens, bem como a participação paritária em todos os domínios da vida política, económica, cultural e social é uma luta diária, por vezes inglória, mas fundamental para uma mudança estruturada.

Mas comecemos pelos números que revelam disparidades sociais que não podemos ignorar: faltam 132 anos para que o salário seja igual entre géneros. Ou seja, a igualdade salarial entre homens e mulheres, segundo a estimativa da décima sexta edição do World Economic Forum no “Global Gender Gap Report 2022”, irá acontecer apenas em 2154!

As fortes disparidades de género relacionadas com o mundo do trabalho aumentam a necessidade de fortalecer os mecanismos de proteção social e laboral, a par do reforço dos programas de requalificação e de reintegração profissional das mulheres, principais alvos do desemprego e da perda salarial em contexto de crise económica global.

Se estreitarmos a análise e circunscrevermos o problema ao nosso país, então o fosso salarial entre homens e mulheres aumentou de 10,9 por cento em 2019, para 11,4 por cento em 2020. Os dados são da Pordata e não deixam margem para dúvidas: estamos a viver um retrocesso porque agora as mulheres trabalham 51 dias gratuitamente

Na taxa de risco de pobreza, as mulheres são, uma vez mais, as que saem mais penalizadas. Segundo o relatório anual “Portugal, Balanço Social 2021. Um retrato do país e de um ano de pandemia”, elaborado pela Nova SBE Economics for Policy o risco de pobreza revelou-se mais acentuado no sexo feminino com um aumento de 2,5 pontos percentuais de 2019 para 2020.

E agora um dado curioso: embora a receber menos que os homens, as mulheres têm níveis mais elevados de escolaridade. Dados do relatório “Education at a Glance 2021” indicam que as mulheres entre os 25 e os 34 anos têm maiores probabilidades de frequentar uma carreira universitária nos países da OCDE. Em Portugal, 49% das mulheres nesta faixa etária tinham um diploma universitário, em comparação com 35% dos homens.

Desde 1986 que há mais alunas matriculadas no ensino superior, e em todas as áreas, com exceção das Ciências, Matemática e Informática, dos Serviços e das Engenharias. Mas apesar de serem as mulheres que têm maior tendência a concluir a formação universitária, continuam a registar taxas de empregabilidade mais baixas, menor probabilidade de serem contratadas mesmo quando eles têm menos formação académica

Não obstante os significativos avanços que temos registado, nas últimas décadas, na promoção da igualdade de direitos e no reconhecimento da diferença e da valorização da emancipação da mulher, existe ainda um longo caminho a percorrer para uma sociedade verdadeiramente paritária, sem discriminações de género.

Importante sublinhar que entendo que o combate às persistentes desigualdades entre mulheres e homens se faz com a participação de todas e de todos. É uma luta que se faz com toda a sociedade!

É importante sublinhar a necessidade da primazia de uma visão ampla da intervenção da mulher na nossa comunidade. Para isso será necessário derrubar os estereótipos erigidos em torno das identidades femininas e masculinas.

E derrubar esses estereótipos é afirmar que o combate às desigualdades faz-se com mulheres e com homens. Faz-se com a família e com as diferentes gerações que a compõem. Faz-se com os diferentes partidos políticos, mas também com o mundo associativo, com os diferentes movimentos sociais, empresariais e com a mobilização da comunicação social para este tema central no campo da defesa dos direitos humanos.

Num momento de crise económica à escala global e neste tempo em que discutimos o Orçamento de Estado para 2023 deixo o apelo para que as forças políticas democráticas consagrem a paridade de género como um objetivo central das suas propostas políticas e das suas práticas para construirmos um futuro melhor para as gerações vindouras.

O combate às discriminações que persistem no mercado de trabalho, o combate à violência doméstica, à homofobia e transfobia, ao racismo e à xenofobia precisam muito da nova geração de cidadãs e de cidadãos. O futuro das nossas comunidades, o futuro da nossa região depende disso.

Mais informação sobre esta temática em https://www.weforum.org/reports/global-gender-gap-report-2022/)

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