E acreditem que estou mesmo espantado.
Então, António Costa demitiu-se? O homem que disse o célebre “habituem-se”, ganhou vergonha e saiu pelo seu próprio pé?
Sem ter sido constituído arguido? O homem que segurou o seu Secretário de Estado Adjunto, Miguel Alves, mesmo quando este era arguido, não se segura agora a si mesmo antes de ser arguido?
Confesso que ainda não consigo acreditar.
António Costa é o típico líder que a única coisa que quer no início de um dia, é aguentar-se mais um dia.
Foi por isso que criou a Geringonça, para se manter mais um dia como líder do Partido Socialista.
Foi por isso que aceitou tantas exigências absurdas do Bloco de Esquerda e do PCP, para aprovar orçamentos e continuar mais um dia como Primeiro-Ministro.
Foi por isso que assobiava para o lado quando havia suspeitas sobre os membros do seu governo, para não dar parte fraca e continuar mais um dia a chefiar o Governo.
Costa aguentou mais de 11 saídas no seu atual governo; aguentou incêndios em que morreu muita gente; aguentou o caso das golas; os vários casos da TAP; aguentou uma maquinação de governantes e deputados socialistas para combinar perguntas e respostas numa comissão parlamentar de inquérito.
Costa fez de conta que não era com ele; disse que eram tudo casos e casinhos; fingiu não ver e não saber.
E eu faço a pergunta: como é que o mais descarado de todos os primeiros-ministros que alguma vez tivemos (mais do que o Sócrates), pede a demissão sem ser arguido, sem ser apanhado em flagrante de lítio? Como é que o especialista em espernear pelo outros socialistas, não esperneia por si?
Eu não tenho uma resposta para isso, mas achei muito curiosas as palavras do próprio António Costa na sua comunicação ao país.
Em vez de dizer que não cometeu nenhum ato ilegal ou censurável, Costa optou por dizer que “não lhe pesa na consciência” a prática de nenhum ato ilegal ou censurável. Faz toda a diferença, porque uma coisa é não ter feito nada. Outra, é a consciência não lhe pesar.
Até para a semana.