Cláudio Lotra faz, na primeira pessoa, um balanço do seu mandato. Ao fim de dois anos e meio, o presidente da Junta de Freguesia de Alverca/ Sobralinho, refere que desde a tomada de posse, até aos dias de hoje “foram dois anos muito intensos e de muito trabalho”. Numa entrevista à Rádio Valor Local, em que não foi possível tocar todas as áreas, Cláudio Lotra, refere que já cumpriu “cerca de 70 por cento dos seus compromissos eleitorais”. O tema do aeroporto também não passou à margem desta entrevista.

O autarca recorda que o executivo tem vindo a investir aos poucos em algumas áreas, nomeadamente, na orgânica da junta e nos seus meios de trabalho “quer no que toca a intervenções nas instalações, para permitir melhores condições de trabalho aos funcionários, mas também na melhoria das condições de atendimento aos nossos fregueses”.

Entre outras áreas, Lotra vinca, igualmente, o reforço na cultura. A Junta concebeu alguns novos programas, como o “Descentralidades” que tem vindo a ganhar palco no âmbito regional e nacional, e que já ganhou prémios, principalmente pelo reconhecimento, mas também pelo facto de “termos proporcionado à nossa população das diferentes localidades, que compõem a nossa União de Freguesias, espetáculos culturais e desportivos, que de outra forma não era possível”.

Para Cláudio Lotra, há diferenças entre o seu mandato e os anteriores, quer o de Carlos Gonçalves (CDU), quer o de Afonso Costa (PS). O autarca fala numa questão de prioridades.

Para Lotra “cada executivo tem a sua a sua dinâmica e as suas prioridades, mas não coloco aqui em questão as prioridades de quem me antecedeu”. Lotra sublinha que “os tempos são diferentes”, pelo que há projetos aos quais a junta “deu continuidade, mas a outros não”, porque considera que os tempos são outros, e as prioridades, “essas também mudam.”

Cláudio Lotra enfatiza que, por exemplo, fez sentido retomar o projeto da comissão social da freguesia no início do mandato. O presidente da Junta lamenta que o seu antecessor Carlos Gonçalves tivesse abandonado esse projeto e recorda que a mesma “foi criada durante os mandatos do presidente Afonso Costa, na altura também com a presidente Maria da luz Rosinha, na Câmara Municipal. Durante o período do mandato anterior entre 2017 e 2021, “esteve quase paralisada esta opção por parte quem estava à frente da junta de freguesia”.

No entanto frisa que “aquilo que procurámos desde a primeira hora, e só tínhamos um mês de mandato, foi reunir novamente todos os parceiros que compõem a comissão social de freguesia, que neste momento está a trabalhar e com frutos dados”.

O autarca refere que neste campo “já permitiu apoiar uma série de agregados familiares em situação de dificuldade”, projeto esse que agora se junta ao programa de saúde mental, numa parceria com uma clínica privada”.

Na área da saúde, Cláudio Lotra diz-se muito preocupado. A falta de médicos de família, tem sido uma “dor de cabeça” para muitos autarcas. A freguesia de Alverca/Sobralinho com mais de quarenta mil habitantes não foge à regra e o presidente da junta, diz manter a esperança de melhores dias. Lotra explica que no território que administra existem três unidades de saúde. Todas com problemas ao nível dos médicos de família. São duas unidades em Alverca e uma no Bom Sucesso. Há ainda alguns utentes inscritos na freguesia de Alhandra. Lotra salienta que “temos procurado sempre, tanto com a anterior diretora do ACES, como com o atual, estar por dentro daquilo que são as dificuldades da própria estrutura e ir acompanhando aquilo que é a evolução ou não do quadro clínico”.

A ideia, refere Cláudio Lotra, é “tentarmos perceber o número de utentes com e sem médico de família. Neste momento pelos números mais recentes, temos aproximadamente 12 a 13 por cento dos utentes inscritos nas nossas unidades de saúde sem médico de família”. Mas para o autarca “não sendo o ideal, comparando com outros exemplos, não é dramático”. Contudo “basta que haja um utente sem médico de família para motivar alguma preocupação”.

O autarca diz que tem existido uma ação concertada entre as seis juntas de freguesia do concelho de Vila Franca de Xira, e a responsável pelo pelouro da saúde da Câmara Municipal, a vereadora Manuela Ralha “pois tem havido aqui uma ação junto do ACES para que consigamos ser os porta-vozes daquilo que que são as preocupações da população, e que são ao fim ao cabo também as nossas. A ideia é ir obtendo algumas respostas, as possíveis por parte da administração do ACES”.

Sobre Pedro Casado Espanhol, o novo diretor do ACES, Lotra tem uma opinião positiva, uma vez que o responsável foi prático no que toca à autorização de uma cobertura no Centro de Saúde do Bom Sucesso, à semelhança do que aconteceu em Alverca.

Aeroporto comercial em Alverca “só traria problemas”

Numa altura em que se juntou Vendas Novas às hipóteses já apresentadas para o novo Aeroporto Internacional de Lisboa, há quem fale de Alverca, que nunca juntou muitos adeptos. Pelo menos entre os autarcas locais, que consideram que esta seria uma solução que só aumentaria ainda mais o caos no trânsito e o desassossego das pessoas.

Cláudio Lotra recorda que esse é um assunto já vastamente discutido e é opinião sua e da câmara municipal que “um aeroporto comercial, digno desse nome, em Alverca, iria trazer mais problemas do que soluções, ou ter mais desvantagens do que vantagens”.

Para o presidente da Junta se o objetivo é retirar a pressão de Lisboa para aliviar a carga da poluição sonora e não só, sobre quem reside nas suas imediações “então tem que se ter em conta que o local onde o novo aeroporto for instalado também não pode ter muita população à volta” o que não é o caso de Alverca que continua a crescer.

O presidente da junta sublinha que se a solução de um aeroporto em Alverca avançar, embora não faça parte das hipóteses da comissão que está a estudar as diferentes alternativas, “estamos a aliviar o tráfego sobre Lisboa, mas estaríamos a carregar o tráfego aéreo sobre as populações de Alverca, Vialonga, Forte da Casa. Portanto iriam ficar muito prejudicadas com isso”.

Para o autarca, a cidade viria a sofrer uma forte pressão com o aumento do trânsito, com “sobrecarga ainda maior”.

Neste campo, os presidentes da Junta e da Câmara estão de acordo e já defenderam publicamente que não se opõem, antes pelo contrário que toda a parte militar que “está na Base Aérea de Figo Maduro seja transferida para Alverca” e explica que “existe capacidade para instalação dessa área”, nomeadamente para os ditos “voos corporate, que “podem ser desviados da Portela para Alverca” não sobrecarregando “aquilo que é a vivência das nossas pessoas”.

Para o autarca, essa solução acabaria por aliviar “de alguma forma aquilo que é o tráfego na Portela, fazendo libertando espaço, que é um dos principais problemas apontados no Aeroporto Humberto Delgado”.

Cláudio Lotra salienta que apenas em 2018, a Câmara de Vila Franca de Xira foi sondada pelas respetivas comissões. Foi feita uma apresentação do projeto, mas desde que é presidente da junta, Cláudio Lotra garante que nunca foi sondado e já lá vão dois anos desde que assumiu funções.

Ainda assim o autarca refere que “neste momento acaba por ser um não assunto” e explica que “a comissão técnica que está a analisar todas as possibilidades, já deixou cair numa primeira triagem esta possibilidade, o que me deixou, e permita-me que partilhe, muito satisfeito com o facto de Alverca não estar em análise”.

Cláudio Lotra reforça que “como presidente de junta acho que que a nossa população ficaria a perder com a instalação de um aeroporto comercial em Alverca”.

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