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Quadruplicação da linha férrea está a deixar os ânimos exaltados em Vila Franca e Alhandra

​Está ao rubro o debate sobre a quadruplicação da linha férrea entre Vila Franca de Xira e Alhandra. Neste âmbito a Rádio Valor Local levou a cabo no dia 16 de junho, uma emissão especial onde ouvimos autarcas, sociedade civil, associações e especialistas sobre a intenção da Infraestruturas de Portugal (IP), apresentada nos inícios de maio, que vai no sentido de construir mais duas linhas paralelas às existentes na Linha do Norte tendo em vista a passagem do TGV. Em declarações à nossa rádio, o presidente da Câmara de Vila Franca, Fernando Paulo Ferreira, coloca o acento tónico naquilo que considera ser a necessidade de cabal esclarecimento desta opção em detrimento de outras, como o enterramento das linhas ou a construção de uma nova linha a norte do concelho como chegou a estar previsto, por parte dos técnicos daquele organismo. Esta terça-feira, dia 27 de junho na sede da Sociedade Euterpe Alhandrense, em Alhandra, a Infraestruturas de Portugal (IP) vai de novo marcar presença perante os eleitos de Vila Franca.

​“Neste momento falta apresentar a fundamentação técnica desses estudos que deram como única hipótese possível a quadruplicação da linha à superfície naquele corredor da Linha do Norte. Essa informação ainda não foi dada e é imprescindível para o debate”, referiu o autarca durante a nossa emissão especial. Fernando Paulo Ferreira considera ainda que o município deve ser compensado ambientalmente perante o número de árvores a abater, sendo que na freguesia de Alhandra estão anunciadas 160. Considera que se tem abstido de emitir opiniões pessoais até que todas as questões estejam esclarecidas por parte da IP, realçando que no site da Câmara está disponibilizada a informação existente até ao momento.

O desígnio maior desta obra relaciona-se com a passagem do TGV. Nos próximos anos viajar de comboio entre Lisboa e Porto será possível em apenas 1h15. Atualmente demora-se perto de três. Este é um dos principais desígnios do Plano Nacional de Investimentos 2030 que contemplou a apresentação em setembro de 2022 da Nova Linha de Alta Velocidade Porto Lisboa por parte do Ministério das Infraestruturas. O investimento total no projeto é de 4.500 milhões de euros e os primeiros troços devem estar terminados até 2028.

Tendo como pano de fundo os fundos comunitários para esta obra, o autarca não acredita que possa existir mais um adiamento e toda a exigência está colocada, agora, em cima do concelho, que também não pode ficar à margem da decisão e ver passar literalmente o comboio, porque dele dependem muitos cidadãos de Vila Franca e de Alhandra nas suas deslocações diárias.

Ao longo da nossa emissão, ouvimos ainda os partidos políticos da oposição com assento no órgão executivo. Anabela Barata Gomes, CDU, não compreende por que motivo a Câmara socialista “aceita sem indagar as ideias de gabinete do Governo e da IP”, entidades que “não conhecem o território nem se importam com as populações”. A vereadora refere que o seu partido já pediu mais informação específica à Câmara que não aquela, entretanto, disponibilizada, e que segundo a autarca não enche as medidas nem é suficientemente esclarecedora. Por tudo isto receia que a atitude do autarca que diz preferir ter uma postura de cautela, possa antes significar que no final das contas não vai levantar problemas em relação à famigerada quadruplicação da linha.

​Nesta altura considera que urge a entrega de documentação que contemple a apresentação mais concreta sobre o projeto, dos mapas delimitativos das zonas abrangidas; mas também que inclua o levantamento de custos; o estudo prévio de impacte ambiental, social e cultural; e todos os projetos alternativos de traçado da linha que já os houve e demais impactes no concelho. Até ao momento, refere que aquilo que está no site e de que fala o presidente da Câmara “não passa de marketing e publicidade”. “Não nos podemos resignar a pareceres técnicos que nos dizem que o traçado não pode ser outro, nem contentarmo-nos com visões meramente economicistas. É de ponderar a opção por um canal autónomo que não o atual, para a passagem do TGV como de resto já existiu, ou um plano urbanístico para enterramento da linha”, consubstancia a autarca. Na Assembleia Municipal de desta noite, a CDU vai indagar ainda mais obre este projeto e quais as suas incidências mais ou menos conhecidas, “mas importa perceber se alguns dos nossos munícipes vão ficar com o comboio à cabeceira da cama, porque nalguns casos estamos a falar de cinco metros” tendo em conta o que o esboço já apresentado sugere.

​Já o vereador da Coligação Nova Geração, David Pato Ferreira, relembra que esta obra já teve várias vicissitudes ao longo dos anos, mas que a posição do PSD é a mesma de sempre, “o enterramento da linha férrea”.  O autarca considera que ao dia de hoje “o processo está ferido de morte por falta de informação”, porque aquilo que “a Infraestruturas de Portugal apresenta denota um facilitismo muito grande, e a simplificação de uma decisão que rasgará para sempre a vila de Alhandra e a cidade de Vila Franca”. “Parece-nos algo feito à pressa. Não quero acreditar que esta solução apenas se relacione com o aproveitamento de fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) porque isso significaria que estamos a tomar decisões em cima do joelho”.

Acrescenta ainda que “a Câmara de Vila Franca tem a responsabilidade de contratar de per si um estudo independente sobre qual a melhor solução”. Na sessão da assembleia municipal marcada esta terça-feira, a bancada da Nova Geração vai questionar sobre a existência de estudos com outras opções; as estimativas de custo para as diferentes hipóteses; de que forma é que a quadruplicação da linha vai trazer mais comboios para o concelho; e quais as contrapartidas reais para o município. “Porque se o Governo quiser mesmo avançar com a quadruplicação é impensável ficarmos satisfeitos com meia dúzia de árvores e quatro ou cinco estacionamentos” e dá como exemplo o Nó dos Caniços há muito pedido como uma das possíveis compensações.

Barreira Soares, vereador do Chega, encontra-se, por seu lado, expectante quanto à chegada de mais informação para melhor opinar sobre este tema. “Depois disso teremos de ir à luta na defesa das nossas populações”. O autarca vê neste momento a posição da IP como rígida na defesa da quadruplicação da linha, e se este for o caso “temos de pedir contrapartidas”, porque “já que vão estragar parte de Vila Franca que ao menos criem soluções” e dá como exemplo o fim das portagens em Alverca. O autarca dá conta que o seu partido está a estudar o melhor possível o dossier para que na próxima assembleia municipal “possamos ter perguntas eficientes no sentido de obter respostas práticas”.

Presidentes de junta de Vila Franca de Xira e de Alhandra evitam diabolizar a quadruplicação

Ricardo Carvalho, presidente da junta de freguesia de Vila Franca, e Mário Cantiga, presidente da União de Freguesias de Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz, estiveram em estúdio na Rádio Valor Local durante a nossa emissão especial. Em traços gerais os dois autarcas não estão contra a possibilidade de a linha duplicar e fazer-se assim a denominada quadruplicação, mas afinam pelo mesmo diapasão dos restantes protagonistas políticos do concelho, ouvidos pelo nosso jornal, “é necessária mais informação”.

No caso de Alhandra, o autarca sublinha que apanhou um verdadeiro “soco no estômago” aquando da presença da IP na reunião de Câmara de maio, “porque de facto está muito mal explicado o que se pretende fazer em Alhandra”. Mário Cantiga acredita que tem havido “muito aproveitamento político” deste tema por parte de diversos setores que não apenas aquele que vem dos partidos e que acaba “por confundir ainda mais os cidadãos”. “É importante que o progresso não pare, que a modernização da linha do Norte propicie que mais pessoas andem de comboio. Vejo pela minha freguesia que vem gente de muitos lados apanhar o comboio. Deixam os carros durante todo o dia na vila e não é para virem ao comércio. O transporte ferroviário é de facto fundamental e no futuro ainda mais para mitigar a nossa pegada ecológica”.

Para já acredita que a nova estação conforme está projetada pela IP não se encontra na localização mais adequada, e como tal sugere antes mais a norte junto ao campo do Alhandra, “numa zona em que se podia requalificar dado que se encontra degradada, e sem necessidade de expropriação”. Recorde-se que o projeto da IP prevê a expropriação de casas pertencentes à Cimpor que estariam neste momento destinadas a atividades da Sociedade Euterpe Alhandrense. Por outro lado, o projeto prevê ainda a eliminação da ponte da Cimpor, algo que foi uma “conquista” dos alhandrenses no sentido de fazer diminuir os acidentes naquele local. “Queremos saber como é que vai ser porque não vamos aceitar que os camiões voltem a circular na vila”. Em 2008, e tendo em vista o mesmo projeto de ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e o Porto previa-se o atravessamento a norte de Vila Franca de Xira nas zonas de Calhandriz, Horta dos Velhos, Cardosinhas, Loja Nova e Cachoeiras. O estudo de impacte ambiental foi mal recebido pelas populações rurais daquela zona do concelho. “Havia gente muito zangada com isso. Calhandriz não conseguiu desenvolver-se por causa da servidão a esse projeto. Não fazia sentido nenhum passar o comboio naquela zona, porque comprometeríamos o sossego da população”.

Já o presidente da Junta de Vila Franca de Xira acredita que aquilo que é proposto pela IP não se afigura como um papão e apesar de implicar acabar com parte daquilo que é hoje o Jardim Constantino Palha, em contrapartida será construída uma nova zona verde junto ao Tejo até à Fábrica das Palavras, pelo que o projeto pode beneficiar a cidade em termos da sua renovação e modernização. O autarca diz que no seu contacto com os fregueses não ouviu críticas até à data. Para já considera que a Câmara está a ter a postura correta ao disponibilizar o que existe até ao momento de documentação no seu site, mas também Ricardo Carvalho aguarda por mais informação. O autarca refere que as demolições que estão em causa para Vila Franca de Xira não implicam casas de particulares, mas apenas alguns edifícios devolutos na zona junto ao Pingo Doce e que até hoje o seu proprietário nunca mostrou interesse em os requalificar.

Ambos os presidentes de junta consideram que está a existir um cerrado aproveitamento político sobretudo “por parte da CDU e de alguns movimentos”. Quer Mário Cantiga, quer Ricardo Carvalho, esperam mais esclarecimentos por parte da IP acerca distância a que as linhas vão ficar de algumas habitações, dado que nalguns casos podemos estar em presença de escassos metros.

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