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Ricardo Correia: “EUA versus Portugal: comparar é difícil no tema Incêndios Rurais”

Comparar a realidade dos EUA com a nossa em matérias relacionadas com os incêndios rurais é uma missão difícil (se não quase impossível). É verdade que este fenómeno é cada vez mais um risco transversal ao mundo inteiro, até mesmo países que raramente se batiam com esta realidade têm, nos últimos anos, visto a sua situação modificada. Os EUA são um país de diversas e distintas realidades em vários aspetos, com Estados tendencialmente gelados e locais verdadeiramente exóticos. Um exemplo bastante curioso é por exemplo o estado do Alasca, onde normalmente o verão é ameno, o inverno é longo, congelante, de neve e de ventos fortes, sendo que, quase durante o ano inteiro, o céu encontra-se encoberto. Ao longo do ano, em geral a temperatura varia de -18 °C a 14 °C e raramente é superior a 21 °C. Diríamos, numa normal conversa de café, que estamos perante condições em nada propícias para a ocorrência de incêndios rurais, no entanto, só em 2022, 595 ocorrências registadas deram origem a 3,1 milhões de hectares, o equivalente a 63% da área ardida no nosso país, somando as áreas ardidas dos últimos 40 anos.

Outra das realidades completamente distintas é a vegetação, o clima no geral, os fenómenos meteorológicos, as interfaces entre as áreas urbanas e as florestais, o tipo de construção ou até as formas e métodos de combate utilizadas pelos agentes, que apostam num combate feito por métodos indiretos (como o uso do fogo ou a abertura prévia de faixas de contenção) ao invés da aposta no combate direto com água, opções que são totalmente incomparáveis com a nossa realidade. Portugal continua a ser o país onde toda a gente deseja ter uma casa dentro ou próxima da floresta, inserida no meio do campo, mas onde ainda continua a ser difícil passar a mensagem que a limpeza do combustível em torno das habitações vai sendo das poucas formas de manter os nossos bens e vidas em segurança, obrigando nos casos de incumprimento a empenhar os agentes que intervêm no combate ao incêndio a uma dispersão gigante para poder proteger as habitações, sendo muitas vezes é inglório qualquer estratégia em incêndios violentos, dada a necessidade de dar prioridade à proteção de vidas e bens.

Talvez das poucas coisas que possam pôr Portugal e os EUA no mesmo prato da balança no que toca aos incêndios rurais é a cada vez mais exposição a fenómenos meteorológicos extremos, realidade transversal a todo o globo, que nos trouxeram uma nova e dramática realidade com os incêndios mortais de 2017 e que, apontam os cientistas, irão repetir-se mais vezes, principalmente se nada for feito referente às causas relacionadas com as alterações climáticas. O caso da atual tragédia na ilha do Maui no Havai é a prova disso mesmo, uma ilha que normalmente regista um clima húmido estava há algum tempo numa em situação de seca. De repente viu-se numa combinação mortal, com vários incêndios ativos e com ventos de um furacão distante, que fizeram a destruição que pudemos infelizmente assistir nos media, conjugada com uma construção essencialmente em madeira e uma ilha que tem apenas 200 bombeiros, estando em média cerca de 60 a 70 a trabalhar espalhados por 10 quartéis.

Os Incêndios serão, a somar às consequências de alterações climáticas e de fenómenos meteorológicos extremos, cada vez mais violentos, destruidores e mortais se, de uma vez por todas, nada for feito de forma abrupta para parar as alterações climáticas provocadas pela poluição mundial.

Comandante dos Bombeiros Voluntários de Azambuja

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