Aos 38 anos, André Antunes soma e segue no empreendedorismo em Azambuja. Fiscalista e contabilista, apostou cedo nos números, mas também numa visão social e humanista da sociedade. A chegada ao Ribatejo fez-se primeiro em Santarém, seguiu-se Azambuja, onde nos últimos anos tem vindo a fazer crescer a AA- Consulting, uma empresa de consultadoria, contabilidade e fiscalidade. Mas para André Antunes, o empreendedorismo é muito mais.
Numa altura em que a AA-Consulting está já consolidada, é importante dar o passo seguinte e apostar numa nova vertente, que para o empresário, já não é nova, mas que cada vez mais se impõe.
Nasce agora a “Saúde das Lezírias”, um novo projeto inovador, que promete ser mais um “aliado” nos cuidados de saúde na região.
Ao Negócios com Valor, Antunes explica que a “Saúde das Lezírias” aparece pelo gosto que tem pela ação social e pela saúde. O empresário sustenta que este projeto pretende ser “uma aposta nova aqui nos concelhos limítrofes a Azambuja”.
Numa primeira fase, assegura que o projeto terá início apenas no Cartaxo, Azambuja e Alenquer. Ainda nesta fase, a “Saúde das Lezírias” passará também por Arruda dos Vinhos com o objetivo de “prestar cuidados ao domicílio na área da enfermagem, fisioterapia e análises clínicas”, mas o objetivo será alargar a mais territórios.
Ao Negócios com Valor, André Antunes, explica a sua aposta neste setor “porque sabemos que são concelhos que estão envelhecidos e que muita gente procura estes serviços, mas que não há resposta para tanta procura”, explicando que em Azambuja, por exemplo, “não existe um espaço comercial, por exemplo, para ajudas técnicas”. Quando falamos de ajudas técnicas, falamos de bengalas, cadeiras de rodas, material de higiene.
Tendo em conta as carências do Serviço Nacional de Saúde, o empresário conclui ainda pela inexistência de um serviço de enfermagem, “que abranja toda a população, porque o concelho de Azambuja é muito grande”. “Trata-se de uma aposta uma aposta que vai ter utilidade principalmente para os cidadãos mais idosos”.
André Antunes, refere, entretanto, que este é um projeto com desafios. Um deles será a escassez de recursos humanos, explicando que “estamos numa zona em que nem somos Lisboa, nem somos um grande centro urbano, portanto, captar aqui profissionais para a área vai ser provavelmente um desafio, mas, através de alguns contactos já desencadeados, talvez consigamos ultrapassar esta barreira para que a população comece a usufruir do serviço o mais depressa possível”.
Uma alternativa face à escassa mão de obra nos lares de idosos
No que toca aos clientes, esta empresa será direcionada para o idoso que está dependente, “ao qual a família não consegue dedicar-se a 100 por cento devido à sua ocupação diária”. “É a população mais vulnerável” sublinha. No entanto este é um serviço que pretende abranger também as instituições “sem meios para terem profissionais de saúde a tempo inteiro, e aí conseguimos ter algum tipo de oferta que possa ser útil”. Recorde-se que a falta de mão de obra para trabalhar nos lares de idosos é recorrente um pouco por todo o país, em que o grosso das trabalhadoras deste setor é muitas vezes composto por imigrantes brasileiras.
André Antunes direciona assim este serviço, não só para as instituições como para os lares, como também para os centros de dia “que recebem os idosos num horário diurno”, e neste campo assegura: “Vamos tentar encaixar nesta modalidade, workshops sobre a saúde, segurança, ou a realização de rastreios à população com base naqueles indicadores mais comuns através de enfermeiros contratados”.
No entanto este é um negócio, com uma perspetiva de complementaridade, segundo o empresário, que sublinha – “Não queremos, obviamente, nem podemos substituirmo-nos ao Serviço Nacional de Saúde e às suas obrigações para com a população, mas queremos complementar e tentar chegar, digamos, de uma forma dinâmica e diferente a todas as populações, sejam mais carenciadas ou não, para a balança poder ficar equilibrada”.
O projeto ainda não arrancou em pleno, mas André Antunes, refere que tem vindo a ser bem recebido “isto apesar da lentidão em algumas respostas que vão surgindo”. “Temos já um acordo preliminar com o laboratório que nos vai ceder os equipamentos para os rastreios e todo o material necessário. Será uma forma também de divulgar esse laboratório e será, digamos aqui, o início de tudo. Temos também já um contacto com algumas instituições de solidariedade, numa fase muito embrionária, mas que poderão ser promissoras”.
“A Saúde das Lezírias” terá sede em Azambuja, e o seu arranque está previsto para as próximas semanas.