Desde maio que é um inferno viver na Póvoa de Santa Iria. A NAV Portugal decidiu modificar as rotas de aterragem e descolagem no Aeroporto Humberto Delgado. À nossa reportagem, António Félix e Paulo Afonso Ramos, moradores, queixam-se de uma decisão que foi tomada pelo organismo estatal, e acerca da qual a população não foi tida nem achada.
Antes do dia 16 de maio, passavam por cima daquela localidade no sul do concelho de Vila Franca de Xira, 50 aeronaves, atualmente são 300. O Valor Local conseguiu perceber que o tráfego aéreo é intenso na zona, e por vezes impede a normal conversação em locais ao ar livre. Antes desta decisão do organismo estatal 170 aviões seguiam pela zona do Mouchão, e os restantes 80 “chegavam a S. João da Talha e continuavam o voo por cima do Tejo” é nos referido. Os moradores não percebem por que razão as rotas foram mudadas ao ponto de a NAV preferir incomodar os moradores – “Temos a informação que o objetivo passaria por questões economicistas e para permitir um maior número de aterragens e descolagens no aeroporto, mas não nos parece que estejam a tirar grande partido dessa decisão. Ao que consta estas rotas seriam preferenciais, caso a escolha do novo aeroporto recaísse no Montijo, mas como sabemos essa não foi a decisão do Governo”, referem os habitantes.
Paulo Afonso Ramos vive num sexto andar, e conta que “há noites em que o som dos aviões é assustador”. O morador tem dificuldades em conciliar o sono e no fundo levar a mesma vida normal de antes. Muitos desses aviões são de longo curso com destino a outros continentes. “São mais pesados, o som é mais ensurdecedor”, concordam os dois habitantes da Póvoa. O facto de a Póvoa ser constituída por edifícios altos faz piorar o quadro.
Os moradores lançaram uma petição que já conta com 1200 assinaturas com a designação: “Pela Redução do Ruído no Concelho de Vila Franca de Xira provocado pela mudança das rotas dos aviões”. Os dois exortam a população a participar.
O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, que esteve hoje reunido com o presidente da NAV, Pedro Ângelo, foi informado que pode ser efetuado um estudo para se aferir do impacto da reestruturação do espaço aéreo da Área Terminal de Lisboa, tendo em conta as presentes alterações nas rotas de entrada e saída das aeronaves do Aeroporto Humberto Delgado. Em declarações ao Valor Local, o autarca adianta que vai tentar agilizar o mais depressa possível uma reunião com o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, para que desencadeie o início desse estudo o mais depressa possível.
Fernando Paulo Ferreira foi informado de que a NAV Portugal tem condições para estudar alternativas (alterações) à rota dos aviões de forma a minorar o ruído que é relatado pelas populações, mas esse estudo é complexo e demorado e depende de impulso do Governo.
3 Comments
[…] de rotas de aterragem e descolagem dos aviões em Lisboa. Recorde-se que nos últimos meses a polémica em torno da passagem de aviões por cima da zona sul do concelho tem sido constante, com várias […]
A conversa da NAV, de que são necessários estudos, é “para boi dormir”, uma vez que a situação anterior, á qual podem regressar de imediato, pois já é conhecida, sempre foi tolerada. Querem lá saber se os habitantes de VFX estão a sofrer esta tortura diária, eles e as duas famílias não moram aqui…
Vivo no Forte da Casa e tornou-se impossível aqui viver com o constante barulho dos aviões. Sou reformada e com problemas de saúde, pelo que passo a maior parte do tempo em casa. Já estou a pensar mudar por isto