Caros internautas e radio ouvintes Costuma dizer-se que “a Oeste nada de novo”. Hoje vou contrariar essa afirmação. A Oeste tudo de novo. Não, não vou falar das iluminações de natal que estão fantásticas em todo o lado. Daquilo que vi só não gostei das forcas instaladas na Rua Braamcamp em Lisboa. (Engenheiro Moedas quem se lembrou daqueles laços? Existirá alguma mensagem que não consigo alcançar ou estarão a transmitir-lhe alguma mensagem antes das eleições autárquicas?) Não, também não vou falar da situação explosiva que se vive na política francesa. Já agora e a propósito de explosões convém deixar um apelo. Peço o favor, por respeito a quem anda de transportes públicos que todas as desavenças de amores não terminem com um cavalheiro a barricar-se no elevador de uma estação ferroviária com uma garrafa de gás como relatou a Valor Local. Faz mal ao aparelho respiratório do próprio e causa uma perturbação desnecessária. Já basta a greve de hoje dos comboios. Olhe da próxima vez dê um passeio pelas arribas e… descontraia. Se o passeio for nas arribas das praias do Oeste até podem dar um pontapé numa pedra e acrescentar algo à paleontologia nacional. Se a pedra descobrir algo semelhante a uma estrutura óssea, o melhor será contactar os investigadores da Sociedade de História Natural de Santa Cruz, concelho de Torres Vedras, que há 26 anos exploram, identificam e estudam um património natural de elevado interesse científico e histórico. (Neste momento já deverão estar a pensar: quando é que ele fala do mar, da Marinha e do Almirante? Ele já colocou esta crónica à beira-mar. Não, não vou falar desse dinossauro das vacinas ou dessas ideias políticas jurássicas e descontextualizadas de um Eanes para o século XXI que só geram discussão pantanosa de valor arqueológico nulo. Os militares estão muito bem nos quarteis e lá deverão ficar.) Regresso às falésias do Oeste e ao que dá prestígio ao país, acrescenta conhecimento e contexto a uma comunidade e a uma região. Sabia que o Oceano Atlântico poderá ter nascido nas proximidades da Ericeira? Que algumas pedras que se podem observar nas praias do Oeste têm a outra metade no Canadá? Que o Oeste poderá ser o berço do Jurássico? São os investigadores da Sociedade de História Natural de Torres Vedras que procuram respostas. A esta hora algumas equipas de investigadores e voluntários já estarão a escavar na falésia de Cambelas, em busca de mais um pedaço de Jurássico, ou em Peniche, onde recentemente apareceu algo que se considerou ser necessário aprofundar o estudo, ou então estarão a falar com um habitante de alguma aldeia que há muitos anos tem lá por casa uma caixa de pedras recolhidas nas redondezas. Foi assim que se encontrou um dos dinossauros portugueses. Um homem, durante mais de 30 anos, recolheu pedrinhas e guardou-as até que o espólio chegou às mãos dos investigadores. Como escreveu a National Geographic: o Oeste português é uma armadilha jurássica. Existem imensos vestígios com 145 milhões de anos ou mais que em breve serão expostos num museu em Santa Cruz. As obras do museu deverão começar no próximo ano e em breve serão reveladas novidades científicas e novas descobertas. Caros internautas e radio ouvintes Nesta cápsula do tempo viajamos 145 milhões de anos e façamos um pequeno percurso pelo caminho das pedras de hoje. Então na terra dos cangurus foi vedado o acesso às redes sociais para menores de 16 anos? Ou seja, na Austrália as redes sociais tendem a passar ao estatuto de artefacto arqueológico? Mas como o mundo de hoje é bipolar, nas rádios inglesas a moda é divulgar mensagens de menores de 16 anos. Mensagens de viva-voz para pedir um disco ou fazer um comentário ao animador de serviço. Não existirá aqui algo estranho e a merecer melhor atenção, digamos assim?… A propósito de coisas estranhas, a revisão da lei dos solos não vos parece trazer água no bico? Isto é: a partir de agora, terrenos rústicos, tradicionalmente destinados à agricultura, pecuária e floresta, poderão ser convertidos em terrenos urbanos para construção de habitação a preços acessíveis. A nova legislação estabelece que os terrenos rústicos só poderão ser reclassificados se destinados à construção de habitação no prazo de cinco anos, sendo que 70% das novas casas devem ser vendidas ou arrendadas a preços acessíveis. Fico a aguardar a publicação oficial da lei, mas isto tem gato escondido com rabo de fora… Curiosamente, esta semana também, o Governo fez saber que vai lançar um plano de ação para as matérias-primas. Dito de forma mais simples: vai lançar novos concursos de prospeção de cobre, ouro e lítio em 2025. O plano prevê alterações ao regime jurídico de avaliação do impacto ambiental… Estará aqui o gato escondido com rabo de fora? Um abraço e até para a semana