O Museu Hipólito Cabaço dedicado ao trabalho daquele que é uma das principais referências do início da arqueologia portuguesa (1885-1970) reabriu recentemente em novo espaço, totalmente requalificado, localizado na histórica Casa da Torre, residência do próprio Hipólito Cabaço. A vereadora da Cultura, Cláudia Luís, conduziu uma visita guiada ao Valor Local, onde partilhou as novidades do museu e os planos para o seu desenvolvimento futuro.
“Ainda era um sonho do próprio Hipólito Cabaço que o museu e o arquivo histórico estivessem no mesmo local. Agora, com o espaço físico adequado, decidimos avançar com a transferência do arquivo, que atualmente funciona na biblioteca municipal, mas que é manifestamente pequeno para albergar este acervo tão rico”, explicou a vereadora. A requalificação do imóvel, que arrancou em 2015 no âmbito do Portugal 2020, num investimento de 700 mil euros, demorou mais tempo do que o esperado, motivo pelo qual o museu só agora pôde abrir ao público.
O edifício da Casa da Torre, além de ser um importante marco arquitetónico e histórico, tem uma forte ligação à figura de Hipólito Cabaço, sendo essencial para a identidade do museu. “Este imóvel esteve fechado durante vários anos, pois necessitava de obras profundas. Foi uma decisão consciente recuperá-lo para que o museu pudesse finalmente funcionar aqui, com as condições que o espólio merece”, acrescenta Cláudia Luís.

O museu dispõe agora de quatro salas temáticas que oferecem um percurso cronológico pelo passado arqueológico da região de Alenquer. A primeira sala é dedicada ao próprio Hipólito Cabaço, destacando a sua história pessoal e profissional, com uma exposição de objetos pessoais e de trabalho. “O espólio é vastíssimo, contextualizando o homem e o arqueólogo, para que os visitantes percebam a dimensão do seu contributo.”
Seguem-se as salas dedicadas à Pré e Proto-História, à época romana e à Idade Média, onde estão expostas peças encontradas em várias escavações no concelho. “Todos os objetos foram descobertos no território de Alenquer, num conceito alargado que inclui locais como o Castro da Pedra de Ouro, Castro de Ota, Quinta da Barradinha, Casal do Amaral e Carnota”, explica a vereadora. O museu conta com mais de 35 mil peças, resultado do trabalho arqueológico intenso, além de aquisições feitas pela Câmara Municipal. Aqui encontram-se peças exemplificativas dos modos de vida das populações da pré-história que residiam nos locais onde hoje é o concelho de Alenquer, sobretudo datadas do período Paleolítico.
Uma das grandes novidades é o espaço dedicado aos serviços educativos, com áreas interativas pensadas para o público infantil, onde as crianças podem sentir-se arqueólogos, desenterrando peças escondidas na areia. “Queremos que o museu seja um espaço vivo, que estimule a curiosidade e a aprendizagem, especialmente dos mais novos. A ideia é que o museu não seja estático, mas um local em constante construção, aberto a estudantes, investigadores e à comunidade.”
Até os espaços não acessíveis ao público geral, como os depósitos e áreas de estudo, fazem parte deste projeto, servindo para consulta científica e preservação do acervo. O município tem ainda em arquivo um vasto património do arqueólogo que pretende classificar. O próprio arquivo municipal já se encontra na Casa da Torre contando com documentos valiosos também à espera do trabalho dos arquivistas.
O Museu Hipólito Cabaço teve uma primeira fase de funcionamento na antiga Escola Conde Ferreira, atual Museu do Presépio, mas fechou em 2010 por falta de condições para albergar um espólio tão vasto. A coleção arqueológica de Hipólito Cabaço (cerca de 15 mil objetos) foi adquirida pela Câmara em 1944, conforme deliberações de 26 de janeiro e 23 de março de 1943, por 50.000$00, com uma comparticipação de 20.000$00 da Junta de Província da Estremadura. O objetivo foi, desde logo, a instalação de um museu na vila de Alenquer.