O atual coordenador nacional para as autárquicas do Partido Socialista, André Rijo, teceu duras críticas à sua antiga vice-presidente na Câmara de Arruda dos Vinhos, Rute Miriam, agora candidata à presidência do município pela coligação de direita PSD/CDS/IL. Em entrevista ao programa Hora Extra da Rádio Valor Local, o antigo autarca e atual deputado na Assembleia da República considerou que Rute Miriam “entra na política pela porta errada, com base no ressabiamento e nos ajustes de contas pessoais”, numa candidatura que, segundo Rijo, revela “mais mágoas do passado do que ideias para o futuro”. A candidata já respondeu às crítica de Rijo preferindo ignorá-las.
André Rijo, que liderou o executivo camarário de Arruda entre 2013 e 2023, afirmou que o melhor projeto para o concelho continua a ser o do Partido Socialista, agora com Carlos Alves na liderança da candidatura. Sobre a candidatura de Rute Miriam, que foi sua vice durante dois mandatos, Rijo admitiu que não esperava este desfecho, mas diz não se surpreender: “Já esteve no PSD, passou pelo PS a meu convite, e agora volta a ser candidata pela direita. A coerência política não é o seu ponto forte”. O socialista respondeu também às críticas que lhe foram dirigidas pela antiga vice-presidente, nomeadamente a acusação de que seria um carreirista político. “Tenho orgulho em ser político. Todos os cargos que exerci foram por eleição. Nunca fui nomeado, nunca fui um ‘boy’. Dediquei-me à política de corpo e alma para servir a população. E sempre fui coerente. A minha militância sempre foi no PS”, reforçou.
Lembrando que Rute Miriam chegou a integrar a lista do PS às legislativas de 2015, Rijo deixou um recado: “Se tivesse sido eleita deputada, não tenho dúvidas de que teria assumido o mandato. Não se pode estar na política só quando convém. E muito menos entrar nela com o intuito de ajustar contas pessoais. Isso é entrar pela porta errada”.
Tiago Pedro preferiu “fuga para a frente” a disputar eleições internas do PS
Sobre o concelho de Alenquer, Rijo comentou o processo que envolveu o vice-presidente da Câmara, Tiago Pedro, que decidiu candidatar-se como independente à presidência do município, após não ter participado nas primárias do PS. O dirigente considerou que Tiago Pedro “não teve coragem ou capacidade para se submeter ao escrutínio interno do partido”, e que a sua candidatura independente representa uma “fuga ao debate democrático”. Rijo apoiou publicamente a decisão do presidente da Câmara, Pedro Folgado, de lhe retirar os pelouros e os tempos de intervenção: “Quem foi eleito nas listas do PS não pode continuar a utilizar os meios públicos para promover uma candidatura contra o próprio partido. Pedro Folgado fez bem. Essa decisão protege a integridade institucional e política do município”.
O dirigente socialista manifestou ainda total confiança em João Nicolau, o candidato do PS à Câmara de Alenquer. Antigo deputado e atual deputado municipal, Nicolau foi descrito como “um dos quadros mais preparados do partido, com capacidade de escuta, mobilização e visão para o futuro”. Rijo recordou a sua presença na sessão de apresentação da candidatura, ao lado de Marta Temido, e deixou claro que o Partido Socialista “tem todas as condições para continuar a governar Alenquer com estabilidade e competência”.
Em Salvaterra, Esménio “fez mal não retirar pelouros” a Helena Neves
Já em Salvaterra de Magos, André Rijo abordou o clima interno do PS, que tem enfrentado divisões desde que a atual vice-presidente da Câmara, Helena Neves, perdeu as eleições internas da concelhia para Francisco Madelino e avançou, entretanto, com uma candidatura independente. Para Rijo, a decisão de Helena Neves de continuar a exercer funções no executivo municipal após anunciar uma candidatura contra o partido é “um erro grave” que pode “fragilizar o PS local” e confundir o eleitorado. Embora tenha reconhecido que a decisão de retirar pelouros à autarca cabe ao presidente da Câmara, Hélder Esménio, Rijo deixou claro que, no seu lugar, teria atuado de forma diferente. “Se estivesse nessa posição, teria retirado de imediato os pelouros e os tempos de intervenção. É uma questão de respeito pelos eleitores e pelos princípios democráticos”, afirmou.
Apesar do cenário conturbado, André Rijo sublinhou a confiança total em Francisco Madelino, candidato socialista à Câmara. “É uma pessoa com um percurso sólido, preparado academicamente e com provas dadas na política local. Como presidente da Assembleia Municipal tem mostrado equilíbrio, visão e sentido de responsabilidade. É com ele que vamos a votos e estou certo de que será um excelente presidente de Câmara”, garantiu.
André Rijo deixou ainda uma mensagem transversal às diferentes situações internas que têm marcado o atual ciclo autárquico do PS: “Os partidos não existem para serem usados. Existem para serem servidos. É essa a diferença entre quem tem projeto e quem se move por motivações pessoais ou revanchismos. O PS, com as suas escolhas legítimas e democráticas, está pronto para continuar a servir os portugueses no poder local”.