O debate autárquico de Azambuja reuniu propostas e estilos distintos, num exercício valorizado pelos comentadores da Rádio Valor Local, Francisco Bento e Fábio Amorim, que sublinharam a utilidade democrática do confronto de ideias. Na leitura de ambos, houve momentos de mérito repartido: o presidente em funções e candidato do PS, Silvino Lúcio, evidenciou domínio dos dossiês; Margarida Lopes, do PSD, apresentou soluções concretas em áreas-chave; Inês Louro, do Chega, teve impacto comunicacional e propostas assertivas em certos pontos; António Torrão, da CDU, manteve uma postura de colaboração, embora mais distante do centro do debate.
O tema da habitação foi central. A proposta de casas modulares apresentada por Margarida Lopes foi apontada como resposta possível a curto prazo, desde que acompanhada por identificação rigorosa de terrenos e por um calendário de execução credível. Fábio Amorim considerou que a construção é o eixo decisivo, mais do que apoios avulsos ao arrendamento, lembrando que o município sozinho não resolve um problema de escala nacional, mas deve preparar-se para aproveitar programas como os do IRU e Portugal 2030. Francisco Bento reforçou a necessidade de agilizar o licenciamento e organizar a máquina municipal para dar resposta em prazos compatíveis com o investimento e as necessidades das famílias, admitindo correções a modelos de licenciamento zero, mas sem abdicar da celeridade.
Na educação, a requalificação da Escola Secundária de Azambuja e a ausência de pavilhão gimnodesportivo foram pontos de fricção. Para Fábio Amorim, Silvino Lúcio demonstrou conhecimento processual e articulação com a comunidade escolar e com as novas competências legais, enquanto Inês Louro capitalizou ao propor soluções faseadas para acelerar o pavilhão. Os comentadores convergiram na ideia de que há diferentes caminhos, devendo prevalecer previsibilidade e capacidade de execução.
Na saúde, discutiu-se a passagem para USF tipo B com incentivos municipais. Francisco Bento relativizou o efeito de um apoio monetário isolado de 2.500 euros, defendendo pacotes abrangentes para equipas completas e condições de trabalho. Fábio Amorim assinalou que, apesar de reservas quanto ao montante, foi o PSD quem colocou um valor em cima da mesa, e que o PS parece levar vantagem por apresentar um projeto mais maturado e equipas identificadas, num contexto em que a necessidade é reconhecida por todos.
Na economia, a logística foi vista como motor identitário do concelho, com potencial de qualificação e inovação tecnológica. Fábio Amorim elogiou a estratégia de aproximação do executivo às empresas para mitigar impactos, e valorizou a proposta do PSD de dinamização do gabinete do investidor para alargar o tecido económico e subir o salário médio. Francisco Bento destacou a ligação entre logística, formação e emprego qualificado, defendendo cooperação estreita entre autarquia e empresas. Ambos apontaram a transparência e o acesso da oposição à informação como condição essencial de confiança.
Nas apreciações finais, Fábio Amorim atribuiu 7 a Silvino Lúcio, 6 a Margarida Lopes, 6 a Inês Louro e 5 a António Torrão. Francisco Bento inverteu o pódio, dando 8 a Margarida Lopes, 7 a Silvino Lúcio, 5 a Inês Louro e 5 a António Torrão, justificando pelos níveis de concretização e consistência. Em síntese, um debate considerado equilibrado e útil para os eleitores, com diferenças claras de método e ritmo, e um consenso de fundo: habitação, educação, saúde e economia exigem estratégia, cooperação institucional e execução com prazos e custos definidos. Registo final para a ausência do candidato do Bloco de Esquerda, António Pito, por motivos pessoais.