A Câmara Municipal de Alenquer deu mais um passo na gestão sustentável dos resíduos com o arranque do projeto SAIT – Save As You Throw, uma iniciativa que associa o canal HORECA do concelho ao novo modelo de recolha seletiva dos biorresíduos. O projeto traduz-se na aplicação de um desconto na fatura de água para os estabelecimentos que já fazem a separação e entrega dos lixos orgânicos, passando a pagar apenas o que efetivamente produzem, na componente da fatura que diz respeito aos resíduos.
Em declarações ao Valor Local, o vereador do Ambiente, em fim de mandato, Paulo Franco, recorda que a medida “vem no seguimento do projeto Do Prado ao Prato, lançado há dois anos, que introduziu a recolha de biorresíduos em colaboração com cantinas industriais e escolas das freguesias de Alenquer e Carregado”. “Nesta nova fase, conseguimos aplicar a metodologia SAIT, em que os agentes económicos vão ter um desconto na fatura, refletindo o princípio do justo pagador: cada um paga de acordo com os resíduos que produz”, explica.
A empresa Águas de Alenquer é a entidade responsável pela emissão das faturas, que passam a incluir já este mês a componente de redução, correspondente ao consumo de setembro. Segundo o vereador, “os cálculos têm por base a quantidade produzida e a capacidade dos contentores utilizados, o que permite uma avaliação concreta de cada caso”.
Restaurantes de Alenquer aderem ao projeto com convicção
Atualmente, cerca de quinze estabelecimentos de restauração e pastelarias estão integrados no projeto, entre os quais o Villa Brasa, A Grelha Mágica, a Taberna do Areal, a Prensa, o Salsa. O município espera alargar o número de participantes ao longo dos próximos meses.
Paralelamente, está já em preparação um projeto-piloto dirigido aos consumidores domésticos, que deverá arrancar ainda este ano na vila do Carregado. “Selecionámos uma área entre a Guizanderia e a zona da Associação Desportiva do Carregado, onde pretendemos testar um sistema de contentores identificados por cartão. Cada agregado familiar passará a ser reconhecido pelo volume de resíduos que produz, deixando de pagar em função do consumo de água”, adianta Paulo Franco.
Paulo Franco: “Queremos que o município de Alenquer seja exemplo na aplicação prática deste conceito”
O objetivo final é evoluir gradualmente para o modelo PAYT – Pay As You Throw, em linha com as metas ambientais europeias e com a estratégia nacional de valorização dos biorresíduos. “Queremos que o município de Alenquer seja exemplo na aplicação prática deste conceito, promovendo comportamentos responsáveis e premiando quem colabora na redução e separação dos resíduos”, conclui o vereador.
Delfina Oliveira, do restaurante Grelha Mágica, ouvida pelo Valor Local confirma a mais-valia ao ter aderido ao PAIT. O serviço “funciona bem” nas suas palavras e diariamente é efetuada a recolha dos resíduos orgânicos e respetiva lavagem do contentor de 120 litros disponibilizado a esta unidade de restauração. O setor é especialmente fiscalizado, sendo proibido o envio dos restos da alimentação para outros usos. “Tínhamos aqui uns vizinhos que nos pediam os desperdícios para darem aos animais, mas estamos proibidos de o fazer”. Sendo assim esta opção vem também facilitar o trabalho das cozinhas. Quanto a possíveis impactes positivos na fatura da Águas de Alenquer, diz que ainda não os sentiu, “mas é possível que sejam menos uns euros”, que à partida “não serão significativos”. Diz-nos que em média paga 200 euros nesta fatura, o que considera um exagero.








