O Mercado de Natal do concelho de Benavente, que se realiza entre os dias 28 de novembro a 8 de dezembro de 2025, está a gerar debate este ano, sobretudo porque ficará concentrado apenas na sede de concelho, ao contrário do modelo habitual que dividia o evento entre Benavente e Samora Correia. A presidente da Câmara, Sónia Ferreira, recém-empossada, reconhece que a mudança motivou discussões públicas, mas sublinha que grande parte do processo já estava definido antes de tomar posse e lembra que este ainda não será o projeto que ambiciona concretizar. Segundo a autarca, muitas das adjudicações estavam concluídas há semanas e a sua margem de intervenção para este ano era limitada.
Apesar disso, Sónia Ferreira garante que o evento não será prejudicado pela polémica e acredita que a população do concelho irá deslocar-se a Benavente para visitar o Mercado, tal como acontece com outras iniciativas regionais ou nacionais. Para as crianças, a Câmara assegurará transporte desde o pré-escolar até ao quarto ano, permitindo visitas organizadas num modelo semelhante ao das visitas de estudo. A autarca reforça que todas as condições de segurança estarão garantidas, tal como acontece noutras deslocações escolares.
A presidente destaca que o município prepara já para 2025 um novo conceito que substituirá o formato anterior dos mercados natalícios. Chamar-se-á Lezíria Encantada e terá uma duração aproximada de um mês. O projeto funcionará em alternância entre Benavente e Samora Correia, começando já no próximo ano em Samora Correia. Sónia Ferreira sublinha que esta será uma aposta estratégica no reforço da programação cultural e turística do concelho, permitindo um planeamento com tempo e evitando a dispersão de recursos que, no passado, tornava o evento menos expressivo.
A autarca recorda ainda que, em condições normais, o modelo descentralizado dos mercados de Natal oferecia apenas quatro dias úteis de funcionamento em cada freguesia, ou seis dias nos anos em que os feriados de dezembro coincidiam com fins de semana. Para Sónia Ferreira, isso limitava a capacidade de atrair visitantes e de construir um evento com verdadeira escala, razão pela qual a Câmara acredita que este ano é preferível concentrar as atividades num só local durante um período mais alargado.
A visão é partilhada pelo presidente da Junta de Samora Correia, Jorge Paiva, que rejeita a ideia de que Samora fica prejudicada por ver o Mercado concentrado em Benavente. O autarca, no exercício do seu primeiro mandato, considera que as rivalidades entre as duas principais freguesias são artificiais e alimentadas sobretudo nas redes sociais. Para Jorge Paiva, a discussão deveria centrar-se no impacto global do evento e não na proximidade geográfica da sua realização, lembrando que os dois centros urbanos do concelho distam apenas sete quilómetros, percurso que demora cerca de dez minutos.
O presidente de Samora Correia defende igualmente que a aposta em eventos de maior dimensão é positiva para todos e explica que, até agora, a logística de montagem e desmontagem em dois locais, num curto espaço de tempo, aumentava custos e reduzia o potencial de crescimento do Mercado. Acredita que, com planeamento, o concelho poderá vir a ter um verdadeiro mercado de Natal de grande escala, capaz de atrair mais visitantes e gerar uma identidade própria, abandonando as limitações do modelo anterior.
Jorge Paiva lembra ainda que a Câmara herdou um conjunto de decisões já tomadas e que, a menos de um mês e meio do Natal, seria impossível alterar adjudicações ou projetar estruturas de maior dimensão. Para o autarca, o mais importante é que a população compreenda que o futuro passa por uma programação mais consolidada, coordenada com tempo e capaz de alternar entre Benavente e Samora, valorizando todo o concelho e promovendo uma ideia de unidade e não de disputa territorial.
Tanto a presidente Sónia Ferreira como Jorge Paiva convergem numa mensagem central: o concelho é um só e o caminho deve ser o da construção de eventos de referência, com impacto real na economia local, na identidade cultural e na capacidade de atrair visitantes. A Lezíria Encantada será, segundo ambos, o primeiro passo desse percurso.








