O aterro de resíduos não perigosos, na Quinta da Queijeira, será inaugurado em 17 de fevereiro. O Valor Local tentou entrevistar a direção da Triaza – Tratamento de Resíduos Industriais de Azambuja S.A., ligada ao grupo Suma, mas não obteve resposta até agora. A empresa só se mostrou disponível para falar após a inauguração, apesar de o tema ser debatido no concelho há vários anos.
António Pires, morador próximo do aterro, expressa suas preocupações há algum tempo. Em várias reuniões de Câmara e Assembleia Municipal, ele questionou o projeto. Ele afirma que a localização do aterro foi ilegalmente expandida para nove hectares pela antiga Zubareia, originalmente destinada à extração de areias. “A Câmara nunca fez nada”, diz. Pires também lembra que, em 2008, a empresa foi declarada falida, mas o aterro ainda teve sua utilidade pública aprovada. Em 2013, a revogação da declaração de interesse público na assembleia municipal não impediu o avanço do projeto, já respaldado por pareceres governamentais.
Além da legalidade do projeto, Pires também alerta sobre o tráfego e a visibilidade no acesso ao aterro, o que pode causar acidentes. Preocupado, ele enviou uma exposição à Inspeção Geral das Atividades Económicas (IGAE).
A poucos dias da inauguração, os políticos locais também manifestaram preocupações. Em uma reunião de Câmara, David Mendes, da CDU, destacou a necessidade de fiscalização constante. Em entrevista ao Valor Local, o vice-presidente Silvino Lúcio prometeu que a Câmara se comprometerá com a fiscalização, apesar de a responsabilidade principal ser da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e da CCDR.
O vereador da CDU questionou como a fiscalização será feita. Luís de Sousa, presidente da Câmara, garantiu que a autarquia já possui uma equipa para realizar visitas ao terreno.
António Jorge Lopes, da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra, lembrou que, em 2008, a Câmara aprovou uma declaração de interesse municipal para uma empresa falida, sem que os deputados tivessem conhecimento. Em 2016, a empresa financiou obras como os parques de manutenção no Jardim Urbano Dr. Joaquim Ramos. David Mendes criticou a situação: “A Câmara não pode aceitar prendas dos lobos!”
Sede da Triaza Levanta Dúvidas
Embora a Triaza seja responsável pelos resíduos em Azambuja, a sua sede está em Lisboa, na Rua do Mar do Norte, no Parque das Nações. No local, não há qualquer sinalização que identifique os escritórios da empresa. O edifício parece ser uma moradia, com poucos escritórios, o que levanta suspeitas sobre a existência de uma “empresa de fachada”.








