A decisão do Governo de não avançar para já com a construção do novo hospital do Oeste deixou os autarcas da região estupefactos com a decisão em semana de eleições autárquicas. Em comunicado, o Presidente da Assembleia Intermunicipal do Oeste (OESTECIM) manifesta o seu “mais profundo repúdio e indignação perante o anúncio do Senhor Primeiro-Ministro, que declarou a suspensão da construção do novo Hospital do Oeste.” Atualmente a região é servida por três unidades completamente obsoletas e com poucas condições.
Rui Prudêncio recorda que após mais de vinte anos de espera, estudos, debates e negociações entre os municípios da região, “alcançámos finalmente um consenso histórico: a localização do novo hospital no concelho do Bombarral, ponto central e de equilíbrio geográfico entre todos os concelhos do Oeste”. “Este entendimento, fruto de um raro e exemplar espírito de cooperação intermunicipal, representou um passo decisivo para garantir aos cidadãos do Oeste um acesso digno, justo e eficiente a cuidados de saúde de qualidade”, refere.
A decisão agora anunciada pelo Governo constitui “um retrocesso inaceitável”, “uma afronta à vontade e ao esforço conjunto das autarquias e das populações”, e uma “violação do princípio da coesão territorial que o Estado tem o dever de promover” na sua opinião. Para a Oestecim, a suspensão do novo Hospital do Oeste não é uma decisão técnica ou orçamental — “é uma escolha política em tempo de eleições autárquicas, que desrespeita uma região inteira, os seus cidadãos e os profissionais de saúde que diariamente enfrentam condições cada vez mais difíceis nos atuais hospitais de Torres Vedras, Caldas da Rainha e Peniche”.
Cronologia de um Hospital adiado
- 2009–2011 — Durante o mandato de Ana Jorge como Ministra da Saúde, em 4 de junho de 2010, realizou-se uma reunião com autarcas da Região Oeste, na qual Ana Jorge informou que o “Novo Hospital Oeste Norte” seria feito através da remodelação e ampliação do Hospital Distrital das Caldas da Rainha (em vez de construção de raiz noutro local).
- 2012 — Criação do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) pela fusão das unidades de Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras.
- 2021 — A OesteCIM encomenda o estudo “Futuro da Política Pública da Saúde do Oeste” à Universidade Nova de Lisboa.
- 3 jun 2022 — Estudo preliminar aponta Bombarral como melhor localização, com base em centralidade e acessibilidade.
- 20 dez 2022 — Apresentação do estudo na Assembleia Intermunicipal da OesteCIM.
- 21 nov 2022 — O ministro da Saúde Manuel Pizarro afirma que decidirá a localização até março de 2023.
- 27–28 jun 2023 — Governo anuncia oficialmente a escolha da Quinta do Falcão (Bombarral); perfil assistencial divulgado (camas, especialidades etc.).
- 28 jun 2023 — Detalhes técnicos do hospital divulgados (camas de cuidados especiais, saúde mental, hospital de dia).
- 2024 (set) — Três autarquias (Caldas da Rainha, Óbidos e Rio Maior) pedem reavaliação da localização e propõem alternativa na fronteira Caldas/Óbidos.
- 8 out 2024 — OesteCIM reafirma que estudo de 31 jul 2024 mantém Bombarral, mas lembra que decisão política ainda pode mudar.
- 25 mai 2025 — Governo inclui o Novo Hospital do Oeste no programa governamental e contrata consultoria (PwC) para estudo económico/financiamento.
- 23 jun 2025 — Debate público reacende divisões: Bombarral vs Caldas/Óbidos.
- 6–7 out 2025 — Primeiro-ministro anuncia suspensão da decisão sobre localização, compromisso com avaliação aprofundada antes de decidir.
- 7 out 2025 — Reações fortes de partidos, autarquias e população exigem transparência e respeito pelos processos regionais.