Passaram cinco anos da aprovação do PDM de Benavente e apenas uma suinicultura vai deslocalizar-se da zona de Coutada Velha para uma outra localização prevista no Plano Diretor Municipal pelo município, aprovado em 2019. Nenhum dos aviários conseguiu negociar a contento de forma a continuar a atividade no concelho. A localidade de Coutada Velha, freguesia de Benavente, tem sido fustigada ao longo dos anos pelos maus odores provenientes da atividade pecuária. O nosso jornal esteve na localidade em 2019 e constatou o desespero dos moradores. Agora e quase cinco anos depois é ver para crer se as empresas vão mesmo sair de Benavente ou se vamos ter algo semelhante ao que acontece no concelho de Alenquer em que várias pecuárias que trabalham de forma ilegal continuam a colocar processos atrás de processos em tribunal contra o município, e ao arrepio do que a própria Agência Portuguesa do Ambiente defende, acumulando coimas mas não desarmando dos seus intentos.
Ao Valor Local, o presidente da Câmara Municipal de Benavente, Carlos Coutinho diz que o prazo termina em fevereiro de 2024 e que apenas a suinicultura, uma das seis unidades previstas, vai mudar de instalações e assim cumprir com o determinado em PDM. Esta suinicultura é um dos maiores focos de maus cheiros, mas também os aviários dos grupos Avipronto/Lusiaves estão na mira das queixas dos moradores para além da própria conspurcação das linhas de água. “No caso da suinicultura, está praticamente concluído o processo para se dar início à construção das novas instalações”. Havia a possibilidade de as demais empresas virem a ocupar terrenos pertencentes à Santa Casa da Misericórdia de Benavente, mas não se chegou a acordo.
Recorde-se que em 2021 e a três anos do fim do prazo, a Avipronto efetuou obras de melhoramento das suas instalações, o que desde logo fez soar as campainhas junto da oposição à época no município, temendo os vereadores Ricardo Oliveira (PSD) e Pedro Pereira (PS) que tal seria um mau prenúncio, demonstrativo do pouco interesse da empresa em se deslocalizar.
Carlos Coutinho afirma-se taxativo quanto ao que vai acontecer daqui para a frente: “Vão ter de sair do nosso território. Já notificámos toda as entidades nesse sentido. Creio que é taxativo o que está no PDM. Demos um período de tolerância significativo e agora terão de abandonar as instalações a bem dos nossos cidadãos, que de forma inaceitável continuam a conviver com os maus cheiros”.
Carlos Coutinho não esconde que este processo conforme se está a desenhar no pós fevereiro de 2024 será uma novidade para o município, pelo que não consegue prever até que ponto será ou não difícil terminar com a atividade dos aviários, dado o histórico que acontece noutros concelhos. O autarca refere que já lançou mão de todos os instrumentos jurídicos para cessar a atividade das empresas assim que terminar o prazo. “Espero que não haja a tentativa de protelar o que quer que seja. Vão ter de sair. Estamos a falar de uma aldeia onde o cheiro em alguns momentos é altamente perturbador”, refere, salientando que muitas das instalações em causa “são antigas e não estão preparadas para as exigências ambientais atuais”.
O Valor Local contactou a empresa Lusiaves para saber do ponto de situação e se face ao estado de coisas se vão abandonar o espaço assim que seja decretado pelas entidades, ou se estariam já à procura de novas instalações noutros concelhos, mas até ao momento não obtivemos resposta.