O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) reforça taxativamente que não há qualquer ação a tomar no denominado arranque de sobreiros, em que terão sido destruídos centenas de exemplares, numa ação levada a cabo no aterro da Triaza/Suma em Azambuja. Instada pelo Valor Local, à margem da assinatura de um protocolo entre o ICNF e a Câmara de Azambuja, no dia 20 de julho, e após nunca termos recebido qualquer explicação sobre este tema após seis meses de muitas tentativas frustradas da nossa parte junto daquele órgão do Estado, eis que Maria de Jesus Fernandes, diretora do departamento do ICNF de Lisboa e Vale do Tejo, refere que tudo se resume “a uma contenda entre a empresa proprietária do terreno e a arrendatária”. No seu entender esta é uma questão de litígio que terá de ser “tratada por um tribunal” e não pelo órgão de que é responsável.
Confrontada com o facto de existir uma ata lavrada em dezembro último após uma visita ao local por parte de várias entidades, inclusivamente, por técnicos do instituto, em que se pode ler claramente, que houve um elevado corte de sobreiros, Maria de Jesus Fernandes, diz que “não há vestígios de corte de sobreiros recente, o que houve terá sido há muitos anos numa situação que será difícil de apurar”, limita-se a dizer sem querer entrar em mais explanações.
Esta é uma área cuja empresa proprietária é a Zubareia, que no fundo arrendou o terreno à Triaza. Esta empresa foi a única proprietária e ao mesmo tempo usufrutuária do terreno em tempos, e até inícios da década de 90, altura em que quis expandir a sua atividade de extração de areias, tendo-se visto impedida à época, exatamente, devido à proliferação de uma árvore protegida como o sobreiro na Quinta da Queijeira, assim se chama a localização em causa.
Após abdicar da expansão da extração de areias porque previa-se o corte de mais de 874 árvores, chegou, ao longo dos anos, a acordo com interessados tendo em vista a localização de um aterro, como está a acontecer, no local. Questionámos Pedro Ribeiro sobre o facto de a ser descartada a Triaza, apenas restar a sua empresa como estando hipoteticamente na origem do caso, pois mais ninguém operou ali, defende-se taxativamente – “Então eu não pude continuar a minha atividade no local porque não podia arrancar sobreiros, que sentido faz cortar as árvores quando já tinha cessado de operar ali? Claramente não tenho nada a ver com o caso, até porque a Triaza meteu um pedido à Câmara para corte de árvores numa área de 22 mil metros quadrados”. Conhecedor do terreno até porque é seu, não tem dúvidas ainda em dizer que “a grande maioria das árvores abatidas são sobreiros”. “Pode haver ali um ou outro pinheiro, mas o grosso são sobreiros”. Estima ainda que terão sido deitados abaixo centenas de exemplares da árvore protegida.
Numa fatura à qual o Valor Local teve acesso em dezembro último mostrada à nossa redação pelo munícipe que se tem vindo a queixar constantemente dos maus cheiros do aterro, António Pires, encontra-se discriminado o abate de árvores pela Câmara mas sem que seja feita a correspondência de qualquer valor. O Valor Local questionou, numa das edições deste ano, Luís de Sousa, presidente da Câmara, sobre esta fatura, e o mesmo sempre negou responsabilidades quanto ao abate das árvores em questão. Recorde-se que desde o início deste processo que o Valor Local se disponibilizou para uma entrevista com a Triaza, empresa visada, que nunca mostrou interesse em esclarecer cabalmente este assunto, reforçando até que o abate de sobreiros é uma questão que deve ser esclarecida pelo ICNF e não pela mesma.