O EVOA – Espaço de Visitação e Observação de Aves, gerido pela Companhia das Lezírias em plena lezíria de Vila Franca de Xira, assinalou o seu 13.º aniversário com a inauguração da exposição fotográfica “A Magia do EVOA”, da autoria de António Heitor. A mostra ficará patente até fevereiro de 2026 e pretende traduzir, através da imagem, a relação dinâmica entre aves, território agrícola e estuarino num dos ecossistemas mais relevantes do país.
A sessão reuniu parceiros institucionais, técnicos, autarcas e vários intervenientes do projeto ao longo da última década. Entre os discursos, sobressaiu a intervenção de José Alho, vice-presidente da CCDR Lisboa e Vale do Tejo, que destacou o valor simbólico e pioneiro do EVOA enquanto exemplo de convergência entre setores que nem sempre estiveram alinhados no passado.
José Alho recordou que o projeto nasceu de um encontro improvável entre caçadores, agricultores, ambientalistas e entidades públicas, sublinhando que esta união continua a ser o principal motor para garantir a conservação de um território tão sensível como a lezíria e o Estuário do Tejo. Para o responsável, o EVOA “demonstra que a conservação da natureza só é possível quando os setores se unem e quando a preservação se transforma também em desenvolvimento”. Acrescentou ainda que o novo modelo de cogestão das áreas protegidas, onde as CCDRs e os municípios têm hoje um papel ativo, abre portas a uma visão mais participada e menos fechada destes espaços.
Companhia das Lezírias quer aproximar o estuário das famílias e das escolas
Da parte da Companhia das Lezírias, o presidente do Conselho de Administração, Eduardo Oliveira e Sousa, reforçou que o EVOA é hoje “o principal pulmão natural às portas de Lisboa”, reconhecido internacionalmente pela articulação entre agricultura, biodiversidade, conservação e turismo sustentável. Sublinhou a necessidade contínua de garantir recursos para manter e desenvolver o espaço, lembrando que a manutenção diária é exigente e que o tempo e a proximidade ao Tejo colocam desafios permanentes à infraestrutura. Para o responsável, uma das metas passa por aproximar o estuário das famílias e escolas portuguesas, invertendo a tendência que coloca os visitantes estrangeiros em maioria.
A exposição agora inaugurada resulta do trabalho de campo de António Heitor, guia do EVOA e técnico florestal, que há anos acompanha a vida do estuário e das lezírias. O autor descreveu a mostra como um retrato da convivência entre o natural e o humanizado, lembrando que a paisagem do estuário é moldada há mais de um século pela ação agrícola e pelas obras de contenção e regulação do Tejo. Essa relação, defendeu, deve ser explicada aos visitantes para que compreendam o valor e a fragilidade do território. “Ninguém protege aquilo que não conhece”, sintetizou.

Os guias do EVOA — cuja atuação foi alvo de vários elogios durante o encontro — desempenham, segundo o próprio autor da exposição, um papel central na mediação entre o público e o espaço natural, contribuindo para que os visitantes “saiam daqui de cabeça cheia e coração cheio”, regressando muitas vezes com familiares e amigos.
Reserva Natural do Estuário do Tejo assinala 50 anos em 2026
A Companhia das Lezírias voltou a destacar que o EVOA está alinhado com os objetivos da ONU para a Década da Restauração dos Ecossistemas, funcionando como um centro de interpretação de excelência para zonas húmidas e um espaço onde agricultura e conservação coexistem.
As celebrações marcam também o início do percurso que levará ao 50.º aniversário da Reserva Natural do Estuário do Tejo em 2026, um marco que promete renovar o debate sobre o futuro deste ecossistema, onde se cruzam conservação, turismo, produção agrícola e ordenamento do território.
Localizado a cerca de 25 minutos de Lisboa, o EVOA mantém como missão a proteção da avifauna, o apoio à investigação científica e a sensibilização do público para a gestão sustentável da água e da paisagem, propondo experiências que aproximam visitantes de uma das zonas húmidas mais importantes da Europa.








