As 10 farmácias existentes nas freguesias de Alenquer e Carregado não prestam serviço noturno para além das 22 horas. Em caso de urgência, os habitantes destas duas freguesias têm de se deslocar a farmácias próximas nos concelhos de Azambuja ou Vila Franca. A situação já não é nova, mas apenas agora foi trazida a reunião de Câmara de Alenquer, pelo munícipe Pedro Matrola. O Valor Local falou com Elsa Rito, diretora técnica da Farmácia Nobre Rito em Alenquer, que alega que a decisão foi tomada de comum acordo por todos os operadores das duas freguesias, porque para além das 22 horas só se vendia “preservativos, pílulas do dia seguinte e laxantes”.
Pedro Folgado, presidente da Câmara, referiu que os horários das farmácias não estão sob a alçada do município, que dependem à partida da Associação Nacional de Farmácias. “Admito que possam não estar a fazer o correto, mas não temos nenhum direito a interferir no seu funcionamento, apenas emitimos os respetivos alvarás”, declarou Folgado. Pedro Matrola voltou à carga e instou Folgado a agir, porque o município tem o “dever moral” de insistir nesta questão junto de quem de direito.
Pedro Folgado comprometeu-se a fazer um ofício de desagrado junto da Associação Nacional de Farmácias e do Ministério da Saúde. Até às 22 horas, existe pelo menos uma farmácia a funcionar no concelho, mas após esse horário e até às 9h00 todas estão encerradas. “Vou verificar se existe pelo menos a possibilidade de termos uma farmácia aberta após esse período”, concluiu.
Diretora da Farmácia Nobre Rito diz que é impossível voltar atrás
Elsa Rito explica que a lei dita que as únicas farmácias obrigadas a cumprir em pleno o horário noturno, são as que se situam a menos de cinco quilómetros de um hospital. Não é o caso das que operam no concelho de Alenquer. A diretora técnica da farmácia Nobre Rito considera que não é compensador andar a pagar horas a trabalhadores, ter gastos com luz e ar condicionado, quando a grande maioria dos clientes que chega, naqueles horários, vem pelos motivos acima mencionados.
“Chegámos a um consenso que não valia a pena e temos a lei do nosso lado. O Estado finalmente também nos deu razão”. Na sua opinião, o centro de saúde de Alenquer é que deveria ter esse tipo de serviço, com uma farmácia para todo o tipo de eventualidades, e não as ditas farmácias privadas. “Só de luz gastei este mês 600 euros, porque temos de acautelar as melhores condições a nível da temperatura e da humidade para os medicamentos, algo que nem todos cumprem”. “Imagine se estivesse aberta de madrugada”, desabafa alegando que “ninguém vai fazer com que voltemos atrás”.