O Vice-presidente da Câmara de Alenquer admite a necessidade de rever modelo de financiamento do certame Alma do Vinho que já ultrapassa o meio milhão de euros em investimento. Tiago Pedro, vice-presidente da Câmara Municipal de Alenquer, reconhece que o certame Alma do Vinho, que se tornou nos últimos anos num dos maiores eventos do concelho, precisa de uma nova abordagem estratégica e financeira para garantir a sua sustentabilidade no futuro.
Em entrevista ao Valor Local, Tiago Pedro recorda que o festival nasceu de uma vontade conjunta com o ex-vereador Rui Costa, com o objetivo de criar um evento que não fosse apenas vitivinícola, mas também cultural e identitário para Alenquer. “Quisemos fazer algo grande, digno da tradição vinícola do concelho. Ano após ano, fomos inovando, acrescentando camadas, até chegarmos a um nível bastante interessante. No entanto, estamos agora numa fase em que é necessário estabilizar o projeto”, admite o autarca, em final de mandato.
Revela que o investimento atual do município no certame ronda valores entre os 700 mil euros e um milhão de euros, uma quantia que considera “excessiva” face à realidade orçamental da Câmara. “Temos uma Câmara com um orçamento limitado, e o festival já representa uma fatia significativa. Num contexto em que há carências em várias áreas, como na rede viária e no espaço público, é urgente reavaliar o modelo de gestão do evento”, reforça. No passado, o executivo já tinha deixado a porta aberta para uma espécie de parceria público-privada neste domínio.

Tiago Pedro destaca ainda que o certame não precisa necessariamente de gerar lucro direto, mas não deve continuar a depender de forma tão pesada dos cofres municipais. “É tempo de repensar. A médio prazo, vamos deixar de contar com fundos europeus de coesão, e isso vai exigir uma gestão mais eficaz dos recursos próprios. O festival deve caminhar para maior autonomia.”
“Trata-se de um evento que coloca Alenquer no mapa”
Ainda assim, o vice-presidente realça a importância do Alma do Vinho como motor de promoção do território, com impacto positivo na economia local e na imagem externa do concelho. “Trata-se de um evento que coloca Alenquer no mapa. Já estivemos nomeados para os Iberian Festival Awards, lado a lado com grandes festivais ibéricos, o que é motivo de orgulho.”
Quanto à edição de 2025, Tiago Pedro confirma que o programa está em preparação e promete manter o nível da edição anterior. “Vamos apostar mais na cozinha de fogo, com destaque para os produtos endógenos dos Açores, e teremos novamente um cartaz musical forte. Esperamos quatro dias de grande dinamismo, se o tempo ajudar.”
Apesar dos desafios, o autarca assegura que o Alma do Vinho continuará a ser um dos grandes embaixadores do concelho. “Ninguém quer que o festival desapareça. Mas para garantir a sua continuidade, temos de mudar a forma como o fazemos.”