O Hospital de Santarém vai começar em breve a fazer operações bariátricas com recurso a um robot cirúrgico. Este é considerado um procedimento de vanguarda na cirurgia da obesidade. Com recurso a técnicas laparoscópicas é possível trazer maior precisão ao procedimento assim como melhor visualização. Pedro Mesquita, médico de cirurgia geral e bariátrica naquela unidade de saúde, refere ao Valor Local que por ano são realizadas entre 50 a 60 cirurgias no hospital. A chegada à mesa de operações representa, em regra, o culminar de um processo que teve pelo menos dois anos, em que o paciente tentou perder peso através de uma dieta alimentar equilibrada e exercício mas não foi possível. A maioria das operações diz respeito a mulheres com uma média de idades entre os 30 e os 40 anos.
A obesidade afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo uma doença crónica e um problema de saúde pública complexo. Pedro Mesquita refere que a perda de peso não pode ser resumida tão só a uma questão relacionada com a denominada “força de vontade” do paciente. “Não é assim tão fácil, depende das características do seu corpo, do seu organismo e metabolismo”. Nesta caminhada que pode levar vários meses, o doente é ainda acompanhado por nutricionista e psicólogo. “No hospital começamos com o apoio da nutrição, e do psicólogo que ajuda a mudar alguns comportamentos que possam facilitar a perda de peso. O próprio acompanhamento da médica da Medicina Interna pode contribuir para uma desejável perda de peso, podendo-se observar se existem algumas doenças, nomeadamente, endócrinas, como o hiper ou hipotiroidismo, que estejam a contribuir para o aumento de peso. Pode-se indicar alguns medicamentos que facilitam a perda de peso. Se nada disto resultar, então depois cá estou eu no fim da linha para fazer aquilo que é a parte que me pedem, que é o tratamento cirúrgico”.
Normalmente o tempo da cirurgia varia entre os 30 e os 45 minutos para um sleeve gástrico, uma redução do estômago, e uma hora e meia para bypass gástrico, em que se faz uma ligação do estômago ao intestino delgado com o objetivo de reduzir a quantidade de alimentos ingerida. “Penso que no próximo ano, o hospital já poderá dispor do robô cirúrgico e entre as cirurgias, a bariátrica será uma das mais beneficiadas”. “Vai permitir que possamos acelerar ainda mais o número de cirurgias, pois vamos melhorar a técnica, encurtar o tempo cirúrgico, o pós-operatório, e como tal termos mais benefícios decorrentes desta inovação”.
Por outro lado, o médico cirurgião acredita que os medicamentos injetáveis usados no tratamento da diabetes poderão ser bastante significativos no futuro, quando produzidos em maior escala do que atualmente, e comparticipados pelo SNS. “De qualquer das formas já temos dois muito bons, mas que não são comparticipados pelo SNS”.