A Irmandade do Senhor Jesus da Boa Morte está a preparar-se para uma das mais icónicas romarias ao seu Santuário. Situado em Povos, Vila Franca de Xira, este espaço é muito procurado durante o ano, mas não o suficiente para gerar uma receita que possibilite algumas intervenções de fundo. José Rangel, juiz da Irmandade, afirmou na Rádio Valor Local que o espaço recebe um grande fluxo de pessoas, mas o facto de estar num local sem estacionamento, inviabiliza outros projetos e até visitas com mais assiduidade. Entre os projetos que gostava de ver concretizados está um museu de arte sacra na cidade.
Para o próximo dia 29 de maio, quinta-feira de Espiga, a Irmandade tem em mãos mais uma romaria. Uma romaria que embora não tenha o fulgor de outros tempos, ainda atrai muitas pessoas, oriundas não só do concelho de Vila Franca, como de fora.
Vila Franca destaca-se entre os concelhos do Patriarcado de Lisboa
José Rangel lembra a devoção dos campinos e dos pescadores, representados pelos avieiros, oriundos da zona de Ovar e da Murtosa, que chegaram ao concelho nos anos 50. Para José Rangel, Vila Franca é ímpar no que toca a santuários na zona de Lisboa. Explica que o concelho se distingue ao nível do Patriarcado de Lisboa porque “temos o Santuário Mariano em Alcamé, e o Santuário do Senhor Jesus da Boa Morte”. Recorda ainda a devoção dos campinos a Nossa Senhora de Alcamé. A devoção no concelho remonta há cerca de 100 anos com uma procissão entre Alhandra e Vila Franca ao Senhor da Boa Morte, que se encontra documentada. Lamenta, portanto, “que em Vila Franca não tenhamos um museu religioso da arte sacra em que se pudesse documentar esta sintonia entre as populações do concelho de Vila Franca e o Senhor Jesus da Boa Morte”.
No entanto, José Rangel sublinha que a Irmandade, associada à paróquia local, não vive só da festa. Reconhece que é o que dá mais visibilidade, mas refere que tem também um trabalho social junto das comunidades mais desfavorecidas.
A pensar nas várias comunidades imigrantes e nas diferentes confissões religiosas, a irmandade quer levar a cabo um encontro em setembro, com outras religiões. José Rangel enfatiza que não é só a Igreja Católica que tem a seu cargo os aspetos ligados à ajuda ao próximo e por isso este encontro “pretenderá juntar um grupo de religiões diferentes, não só a católica, mas outras, tendo como pano de fundo a luta pela paz no mundo e o fim da pobreza”.