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Jorge Paiva: das memórias de Samora ao desafio de liderar a junta

Jorge Paiva cresceu em Samora Correia, dentro de uma freguesia que conhece de cor e onde construiu a sua identidade. Lembra-se da escola primária do Porto Alto, hoje transformada na Universidade Sénior, e de como, ao cair da noite, o recreio se estendia para a rua numa coreografia espontânea de futebol, sarjeta a sarjeta, com balizas improvisadas e vizinhança inteira a ver crescer aquela geração. Entre jogos, risos e liberdade, aprendeu o sentido de comunidade que, hoje, diz ser a base de qualquer mandato com propósito. Paralelamente, começou cedo a trabalhar, arrumando garrafas no restaurante da família, “A Torre”, exercício que descreve como uma escola paralela, onde descobriu disciplina, responsabilidade e o valor de fazer parte de algo maior do que si próprio.

Aos 46 anos, gestor, pai e agora presidente da Junta de Freguesia de Samora Correia, assume não saber se a política foi um salto para a frente ou para trás, mas sabe que foi “um salto para o serviço público”. Garante que o que o move é o desafio de tornar a Junta mais profissional, mais organizada e capaz de resolver os problemas das pessoas. A noite de 12 de outubro, dia da vitória, permanece-lhe viva na memória. A última mesa de voto do Porto Alto trouxe uma explosão de felicidade que considera irrepetível. A equipa abraçada, a sensação de dever cumprido naquela sede pequena e cheia, a consciência de que aquele momento justificava a campanha inteira. Ainda hoje, ao recordar esse instante, confessa que foi um dos mais intensos da sua vida.

A família é o seu porto de abrigo. Gosta de ler, pedalar em BTT, estar com os filhos, ver desenhos animados ao fim do dia no sofá e tentar, pelo menos por uma hora, não pensar na Junta. Reconhece que será difícil desligar, mas teme apenas uma coisa: que os filhos olhem para trás e sintam que estiveram quatro anos sem pai. O equilíbrio entre vida familiar e liderança autárquica será um dos seus maiores desafios.

No terreno, os primeiros passos foram rápidos. Mudanças discretas, quase invisíveis ao olhar apressado, “mas que moldam o quotidiano”, no seu entender. Pequenos ajustes no mobiliário urbano, sinais retirados dos passeios, caixotes reorganizados, a abertura da capela no primeiro dia de mandato e a reativação da escola de trânsito para reuniões e atividades internas. Melhorias nos balneários, no refeitório, nas casas de banho da Junta, para garantir dignidade e condições a quem está no terreno todos os dias.

Herdou alguns projetos do anterior executivo, como o Parque Canino, prestes a ser inaugurado. Outros começam agora a ganhar forma, numa corrida contra o tempo até ao orçamento de 2026. Tomou posse a um mês e meio da aprovação do documento, o que obrigou a uma gestão acelerada para garantir que os projetos estruturantes têm lugar nos próximos anos.

A visão que desenha para o futuro de Samora é clara: que uma freguesia mais moderna, mais organizada e capazes de se assumir como verdadeira cidade, sem perder tradições nem identidade. Defende estacionamento reorganizado, um mercado diário renovado, eventos de grande dimensão capazes de atrair famílias e visitantes e uma nova forma de pensar o território, que deixe para trás rivalidades antigas que, diz, só existem na cabeça de alguns e nas redes sociais.

O exemplo do mercado de Natal é ilustrativo. Para Paiva, não faz sentido duplicar iniciativas sem escala, apenas para que cada lado tenha “o seu” evento. Acredita que um grande mercado, centralizado, com transportes assegurados, reduzirá custos, aumentará impacto e permitirá criar algo digno do território. Este ano, herdaram compromissos já contratualizados que não puderam alterar, mas para 2025 a ambição é clara: um mega evento natalício capaz de rivalizar com projetos regionais de referência.

No longo prazo, Jorge Paiva quer transformar a freguesia numa comunidade mais unida e menos fragmentada. Quer uma identidade reforçada, com mais orgulho local e menos trincheiras. Pretende criar condições para que as famílias sintam que têm qualidade de vida, que as empresas encontrem apoio e espaço para crescer e que os jovens não precisem de sair para descobrir oportunidades. Fala também da necessidade de reforçar o espaço público, melhorar acessibilidades, repensar mobilidade, apostar em equipamentos modernos e planear o território com visão de futuro, sem decisões avulsas ou respostas imediatistas.

Assume que está a começar uma maratona, não uma corrida de velocidade. Mas acredita que, “com trabalho constante, decisões coerentes e uma equipa alinhada”, poderá contribuir para “um futuro mais organizado, mais humano e mais ambicioso para Samora.”

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