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Casa Isabelita – A Mercearia das Gerações em Azambuja

Existe em Azambuja na zona do Rossio uma das mais emblemáticas mercearias da vila que ainda resiste. Para trás ficam as saudosas lojas do Filipe Lima, João da Silvina e do José Fazenda. Todos estes estabelecimentos tinham funções sociais. Nos tempos da guerra e da ditadura, alimentaram as pessoas do campo, facilitavam através dos pagamentos ao mês, hoje conhecidos pelos livros do fiado. Essa é uma memória já antiga, mas da qual todos os lojistas ainda se lembram. Isabel Pimentel está agora à frente de uma dessas lojas. A mercearia do Rossio, iniciada em 1968 pelo avô, António Camarista, uma figura muito conhecida em Azambuja e de quem ainda muitos se lembram.

Entrar na “Casa Isabelita” como hoje é conhecida, é como entrar no túnel do tempo. As prateleiras ainda são as originais e até o atendimento respeita os padrões personalizados da época. Isabel Pimental faz-nos uma visita guiada. Acompanha o Valor Local pelas prateleiras completamente cheias de iguarias desta e de outras épocas, sendo que aponta, claro, para a “Farinha Predileta” ou para o “Café Bujá” dois produtos que ainda se orgulha em vender. Em falta, lamenta, a “Farinha 33” que ainda hoje é muito procurada por algumas pessoas. Mas basta um olhar rápido pelas prateleiras para perceber que aqui vende-se de tudo um pouco, onde a ancestralidade de algumas marcas, se mistura com as últimas novidades do mercado. É neste caleidoscópio colorido que a Casa Isabelita brinda o cliente.

Recorda Isabel Pimentel que, noutros tempos, ali vendia-se de tudo desde os milhos aos feijões. Tudo avulso. “Vendia-se vinho, azeite à medida, leite à medida” e só não se vendia mais porque a mercearia acaba por ser pequena.

Isabel Pimentel diz não ter razões de queixa. A loja não dá lucro, mas também não dá prejuízo. Refere que à moda antiga, não tira nenhum ordenado, ao invés disso, tudo o que precisa para casa, leva dali.

Lamenta, por outro lado, que o comércio na zona do Rossio lute contra a falta de estacionamento. A colocação de pinos quase que estragava o negócio. Não estragou, mas diminuiu a frequência dos clientes já velhotes “que não conseguem levar as compras à mão, e por isso precisam que muitas vezes eu ajude”.

É por isso que reafirma que os clientes sabem “o que é o comércio tradicional, e sempre que podem, vêm cá”. “Os nossos preços são compatíveis, não temos especulação, temos é pouco espaço para tanta marca”, e claro “pouco estacionamento para as pessoas pararem, para entrarem e saírem com os sacos, porque já ninguém faz compres a pé. E isso é o principal motivo para haver menos clientela”.

A “Casa Isabelita” é uma resistente. Uma resistente de tal forma, que ao longo de cerca de uma hora, entraram e saíram vários clientes. Os produtos mais procurados são a fruta e os legumes, mas também algumas mercearias, mas principalmente a água engarrafada, “porque a água da torneira sabe mal”. Refere Isabel Pimentel que tem muitos clientes de diversas faixas etárias. Com a forte onda de imigração a vasta comunidade brasileira que reside em Azambuja representa hoje uma larga fatia de clientes. “São todos muito simpáticos, como grande parte não tem transporte próprio para comprar fora, acabam por ser meus clientes”. A loja acaba por estar num sítio estratégico para estes clientes mais novos, porque os mais antigos e com problemas de mobilidade a custo ainda passam pela mercearia da Isabel Pimentel, que recorda, que há cerca de 20 ou 30 anos, a dimensão da sua mercearia era a de um verdadeiro supermercado. “Até chegámos a ter burros estacionados aqui à porta”.

Com clientes fiéis, a “Casa Isabelita” ainda possui o chame das mercearias de outro tempo. Não é uma loja só para algumas compras de última hora. É também um local onde os mais velhos passam e dão dois dedos de conversa. É o caso de Miquelina Alves que é cliente habitual há vários anos nesta loja, onde compra alguns produtos do dia como as frutas e legumes que são sempre frescos: “Venho sempre aqui buscar algumas coisas”. As compras grandes são feitas pelos filhos, mas quase todos os dias passa pela “Casa Isabelita” para dois dedos de conversa, quer seja com a Isabel, quer seja com a mãe desta, “a dona Marinete”, que embora reformada, ainda vai estando ao balcão. Miquelina Alves é de resto uma daquelas clientes que gosta de se demorar na conversa. Fala-se da vida, de Azambuja, o que faz com que este também icónico espaço, seja um local de partilhas, de conversas e de vivências.

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