Pedro Martins, comentador da Rádio Valor Local e militante do partido Chega, veio a público manifestar o seu desagrado com a atuação da distrital de Lisboa do seu partido, depois de ter sido afastado de qualquer possibilidade de integrar listas às eleições autárquicas no distrito. Inicialmente, o militante desabafou nas redes sociais, nomeadamente no Facebook, onde partilhou o seu descontentamento com amigos e apoiantes. Mais tarde, concedeu declarações exclusivas ao nosso jornal, onde aprofundou as suas críticas.
Pedro Martins lamenta o que considera ser uma atitude antidemocrática e pessoalista da atual estrutura liderada por deputados da Assembleia da República, com quem disputou a liderança distrital há cerca de dois anos. Pedro Pessanha é atualmente líder desta estrutura e também deputado na AR e é um dos nomes apontados por Pedro Martins, bem como o de Patrícia Almeida.
“Há um descontentamento não só meu, mas de várias pessoas no distrito. A distrital do Chega está a funcionar com base em critérios pessoais e não numa lógica de meritocracia. Os seus responsáveis, por estarem ocupados a tempo inteiro na Assembleia da República, não têm tempo para fazer trabalho de base e limitam-se a decidir quem entra e quem não entra nas listas com base em gostos pessoais”, acusa.
O militante aponta o dedo diretamente à direção distrital, sustentando que o afastamento de quadros com provas dadas tem sido uma prática recorrente: “Há muitas pessoas válidas no distrito que têm sido simplesmente ignoradas. Aquilo que se exige numa estrutura partidária é que o interesse coletivo do partido se sobreponha ao interesse particular de quem a dirige”.
Pedro Martins revela que chegou a ser convidado para o segundo lugar da lista à Câmara Municipal de Azambuja, a convite da atual vereadora e candidata, Inês Louro, mas a sua inclusão foi vetada pela distrital. “Foi um convite que muito me honrou. A Inês Louro é uma pessoa com enorme capacidade, e acredito sinceramente que será uma excelente presidente da Câmara. Mas infelizmente, apesar do convite, a distrital não autorizou a minha integração na lista. Não fui eu que recusei. Fui simplesmente impedido”, afirma.
O militante considera que este tipo de atuação enfraquece o partido a nível local e compromete candidaturas que podiam beneficiar de uma maior pluralidade de contributos. “Estas decisões não têm qualquer justificação política ou estratégica. São decisões pessoais, motivadas por ressentimentos antigos ou por lógicas de controlo. Isso não serve o projeto do Chega e muito menos os eleitores”.
Apesar da mágoa, Pedro Martins diz continuar disponível para servir o partido, mas sublinha que é urgente “uma reflexão interna profunda sobre o funcionamento da estrutura distrital”. Para o comentador e militante, o Chega precisa de abrir espaço a todos os que acreditam no projeto e estão disponíveis para trabalhar: “Não podemos cair no erro de excluir quem pensa pela própria cabeça. O partido só se reforça com diversidade, competência e espírito de missão. Sem isso, o projeto corre o risco de estagnar”.