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Rodolfo Anes Silveira: “A inteligência artificial pode ser o lápis do futuro”

Imagine que num mundo dominado pela profusão da imagem, o convite seria para perceber se existe imagem sem visão. São conceitos que fazem parte do trabalho “Hapticopatia” de Rodolfo Anes Silveira que procurou explorar através de uma tese de doutoramento o valor que damos à imagem, mas como também é possível criar experiências imersivas através de outros sentidos e aplicá-las por exemplo em visitas a museus. Daí a necessidade de se saber se é possível existirem imagens sem a visão. Arrudense nascido em 1978, é desde 2021 professor assistente na Universidade de Televisão e Filme em Munique.

O seu percurso começou logo aos 20 anos quando descobriu a sua paixão pelo som e pela sonoplastia. Concluiu a licenciatura em Cinema, Vídeo e Multimédia em 2012. Depois de ter ganhado um prémio da Kodak por um filme que realizou deu-se a oportunidade de ir para a universidade alemã e ficar a residir naquele país. Leciona os cursos de Cinematografia e Efeitos Visuais. Concretizou mais recentemente um doutoramento em Media Art, onde explora o conceito da imagem sem visão e fornece alternativas a novas experiências em museus que abrangem os demais sentidos. É o resultado desse trabalho que integra mais uma edição do Arruda tem Valor, que pretende promover o trabalho académico realizado por arrudenses. “Hapticopatia” (hapticopatia.rodolfo-silveira.com) assim se chama o trabalho de Rodolfo Anes Silveira. “Quis perceber a intermodalidade entre os sentidos, de que forma se contaminam”, descreve.

A imagem que hoje está intimamente ligada ao digital, em que o ímpeto da construção de uma realidade digital paralela tem no entender do autor provocado grande turbulência social e política a nível mundial, acarreta também a discussão em torno de conceitos como o da inteligência artificial. Rodolfo Anes Silveira refere-se aos deep fakes, que é uma técnica que utiliza recursos de inteligência artificial para substituir rostos em vídeos e imagens com o propósito de chegar o mais próximo possível da realidade. O primeiro deep fake foi alusivo a Trump pelo ator Nicolas Cage em 2019. Em “Hapticopatia” pretende-se que o espetador “dê primazia a outros sentidos” num despojo da visão e das possíveis interações contaminadas da realidade, a favor do sentido háptico, do toque. “Contrariar o sentido do pós verdade e essa ideia de que a inteligência artificial pode criar bastantes ilusões”.

Para o professor de cinematografia, a inteligência artificial “é algo, contudo, que temos de aceitar como uma ferramenta, como se fosse um lápis e nesta fase em que não sabemos muito bem o que vai acontecer será um instrumento importante para acelerar a nossa produtividade, já quanto ao facto de ser algo para irromper tudo o que existe à nossa volta, eticamente parece-me algo fraco. Todos temos o papel de nos proteger dessa tecnologia”.

A sugestão de criação de novas paisagens sensoriais em museus que deixa na sua tese de doutoramento, vem ao encontro daquilo que é uma tendência atual em todo o mundo de criação de centros de arte, e não de museus conforme aquilo que conhecemos até dada altura. “Os museus terão de ir mais além do que a mera exposição de arte nas paredes, mas desafiar as realidades preexistentes”. “Existem diversas instituições museológicas no Japão que estão a trabalhar muito bem com essa ideia, em que as pessoas vão descalças para dentro das instalações, podem entrar dentro de água. O interessante é perceber até que ponto o espetador vai recolher dessa experiência imersiva na arte”.

Para além das disciplinas já referidas acima, Rodolfo Anes Silveira também ensina “Storytelling” e “Animatic” (filmes de animação) na universidade alemã. Na Alemanha a produção cinematográfica é explosiva em comparação com Portugal com a produção em simultâneo de cerca de 320 longas-metragens, enquanto o nosso país não vai além de 12. “Apesar disso há cada vez mais realizadores portugueses que estão a dar cartas”. Já quanto aos seus alunos na Alemanha todos os anos apenas seis conseguem ser escolhidos para frequentar os cursos nesta área. “São pessoas que em princípio vão liderar equipas, vêm com as suas ideias e motivações. O trabalho aqui na universidade é mais prático com os alunos, porque os níveis de atenção baixaram imenso e a componente teórica vai sendo lecionada mais on demand . Isso faz com que haja necessidade de mais professores com especializações”. Portugal no seu entender pode estar no caminho certo, e destaca a inclusão de algumas produções nacionais em plataformas de streaming, a grande montra das séries e em parte do cinema que se vai fazendo em todo o mundo, como o caso recente de “Rabo de Peixe” na Netflix. Portugal pode aspirar a um lugar no mundo da sétima arte e dá como exemplo a Nigéria com o seu “Nollywood” considerada em poucos anos como uma das indústrias cinematográficas emergentes, e uma das que mais cresceu em todo o mundo, com a produção de cerca de 2500 filmes por ano. “Estamos a falar de filmes feitos em 8 dias, com baixa qualidade, mas existe mercado e a partir daqui uma enorme margem de progressão”, destaca.

Rodolfo Anes Silveira cresceu em Arruda dos Vinhos. Vai cerca de duas vezes por ano a Arruda, onde vivem os seus pais. “Tenho gostado muito do crescimento de Arruda com cada vez mais pessoas. É um sítio incrível. Há muitas caras novas, muita gente foi viver para lá.”

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