Um grupo de moradores de Samora Correia está a organizar-se para levar a cabo uma manifestação contra a construção de um complexo religioso islâmico naquela cidade por parte da Associação Ahmadia do Islão. O tema tem estado na ordem do dia naquele concelho. A oposição Chega, PS e PSD acusa a Câmara de Benavente liderada pela CDU de falta de assertividade. Rúben Vicente, presidente da associação mais representativa da localidade, a ARCAS, eleito na assembleia de freguesia de Samora pelo Chega, entretanto, independente, diz ao Valor Local que a população precisa de saber com o que conta face à possibilidade de ser instalada uma mesquita em terrenos junto aos bombeiros voluntários.
Segundo aquela associação islâmica, o projeto que já foi dado a conhecer junto do município compreende vários equipamentos sociais, pavilhões, salas de eventos, biblioteca num espaço de 4376 metros quadrados. No entender de Rúben Vicente, a concentração que está marcada para o dia 10 de junho, 15 horas, junto à Igreja Matriz de Samora Correia corresponde à manifestação daquilo que “é a vontade da população neste momento”, que “não quer a mesquita aqui”. “Não temos nada contra outras religiões, mas não na nossa terra, onde não faz sentido termos uma mesquita”.
O porta-voz deste movimento sublinha que “é independente de partidos, mas se houver políticos a aparecer na concentração são bem-vindos desde que venham a título pessoal”. Para Rúben Vicente a comunidade samorense receia que com uma mesquita na localidade “mais pessoas daquela origem venham viver para Samora Correia”. “Já temos aqui muitas comunidades estrangeiras, a pressão na habitação é enorme e apesar de termos uma população dos países islâmicos residual não queremos que aumente”, refere. Confrontado com a possibilidade de estar a querer criar um cordão sanitário que possa ser entendido como racista, rejeita essa consideração. “Ninguém está contra ninguém, desde que venham para trabalhar, mas uma mesquita é desnecessária”.
Para Rubén Vicente, a Câmara de Benavente ainda não foi clara quanto a este tema. O presidente da autarquia Carlos Coutinho deu conta numa das últimas reuniões de Câmara que não deu entrada nenhum projeto concreto tendo em vista a obra, mas o autarca foi desde já acusado pela oposição de ter escondido o que está em causa numa altura em que até podia ter exercido o direito de preferência sobre os terrenos. “Todos os partidos têm que dizer ao que vem quanto a este assunto porque estamos a entrar em eleições autárquicas”, constata Rúben Vicente. Todos os partidos são mais ou menos unânimes no facto de este equipamento estar além das necessidades da freguesia, dado que a comunidade islâmica local é diminuta. O projeto teria como intenção servir os fiéis daquela religião da zona da Grande Lisboa, tendo a oportunidade de negócio surgido na freguesia de Samora. Está orçado em 2 milhões de euros.
Entretanto nas redes sociais corre também uma petição contra uma mesquita em Samora Correia que conta com 2609 assinaturas.
Associação Social Amigos de Samora Correia (ASASC) apela à serenidade
Através de comunicado, a Associação Social Amigos de Samora Correia (ASASC) por seu turno apela à serenidade da população samorense e pede à Câmara Municipal de Benavente e à Junta de Freguesia de Samora Correia que “venham esclarecer a população e travar o clima de medo e o acentuar das divisões entre a população”. Faz ainda menção a ASASC que para já não existe mais do que uma mera transmissão de terreno e que não deu entrada qualquer projeto na Câmara, apesar de ter sido apresentado ao município.
O empresário em questão que representa a associação adquiriu vários imóveis em Samora Correia e tem estabelecimentos comerciais devidamente legalizados. A ASASC recorda que em Samora Correia “existe mais de uma dezena de espaços religiosos de variadas origens e frequentados por cidadãos provenientes de diferentes continentes e dezenas de países sem que se conheça qualquer perturbação da boa vivência em comunidade”.