O mega processo Tutti Frutti conheceu, esta semana, os seus arguidos, ao todo 60, entre políticos, empresas e até uma coletividade. Os arguidos estão indiciados por crimes como corrupção e prevaricação, abuso de poder, tráfico de influência ou participação económica em negócio. André Rijo, atualmente deputado do PS, que estava a ser investigado durante um dos seus mandatos como presidente da Câmara de Arruda dos Vinhos, foi ilibado.
O antigo autarca era suspeito de poder estar ligado a um esquema de favorecimento da empresa Ambigold na atribuição do concurso para a obra de beneficiação na Urbanização Fonte Santa em Arruda. Dois antigos colegas de faculdade de André Rijo terão tido uma reunião com o ex-autarca nesse sentido. Eram eles André Pardal da Silva e Carlos Eduardo Reis que teriam como intuito persuadir Rijo a beneficiar a empresa. Foram ouvidos à época funcionárias da Câmara e houve buscas ao município e à casa do antigo presidente de Câmara. A empresa nunca foi contratada para o serviço em causa.
Agora o Ministério Público, refere que não foram encontrados dados que permitam ir além na acusação a André Rijo. Contudo André Pardal é um dos 60 acusados. André Pardal ocupou cargos políticos e partidários na JSD, tendo sido presidente da juventude laranja entre 2007 e 2010. Já a Ambigold – Equipamentos e Serviços, Unipessoal, Lda enfrenta a acusação de quatro crimes de branqueamento e um de tráfico de influência. As suspeitas envolvem entrega de proventos em troca de recibos e até a aquisição de um veículo automóvel. Também Carlos Eduardo Reis que participou no encontro com Rijo é arguido. Acusado de 21 crimes entre corrupção ativa, prevaricação, tráfico de influências, branqueamento e abuso de poder. Uma parte dos crimes está relacionada com a contratação da Ambigold por algumas Juntas de Freguesia do concelho de Lisboa.
André Rijo fala em 8 anos de angústia
Na sua página pessoal de facebook, o agora deputado desabafa: “O despacho de arquivamento do Ministério Público não é por isso surpreendente nem uma vitória, é apenas o que tinha de ser! Fez-se justiça! Numa altura em que é fácil ‘atirar lama’ levianamente para cima das outras pessoas ofendendo-se a honorabilidade e reputação quero reconhecer uma vez mais a seriedade e retidão de conduta das pessoas com quem trabalhei na Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos em mais de 10 anos e meio.” André Rijo refere que estes oito anos acabaram por ser dramáticos – “Não nego que o tempo em que durou a operação Tutti Frutti, existiram momentos em que senti angústia e revolta, mas nunca por um momento duvidei que tudo fiz sempre para prosseguir apenas o interesse público e cumprir com lealdade as funções que me foram confiadas pelo povo de Arruda dos Vinhos.”
Francisco Bento diz aguardar serenamente pelos próximos acontecimentos
Menos sorte teve Francisco Bento que recentemente apareceu no panorama político de Alenquer. Concorreu contra a lista de Cristina Inácio, nas eleições para a concelhia laranja, mas acabou por não vencer, num processo eleitoral muito contestado. Francisco Bento está acusado de quatro crimes de corrupção ativa agravada devido à contratação de serviços prestados a juntas de freguesia do concelho de Lisboa que não terão sido completamente transparentes segundo a acusação. O próprio fez parte da Assembleia da Freguesia de Alvalade. Contactado pelo nosso jornal, Francisco Bento não quis comentar as acusações, dizendo apenas que aguarda serenamente pelo desfecho da Justiça para este processo. Quem não deixou de aproveitar a oportunidade foi o PSD de Alenquer que em comunicado faz questão de dizer que “o referido militante da concelhia de Alenquer não é alenquerense e não integra, nem nunca integrou, qualquer cargo político na secção desta terra. Assim como não mantém e também nunca manteve qualquer relação de amizade ou conhecimento com os atuais membros da concelhia de Alenquer”.
Também Nuno Miguel Henriques, vereador do PSD na Câmara de Alenquer, prefere distanciar-se das tramas da Operação Tutti-Frutti e de Francisco Bento, neste caso, tendo sido contudo próximo da sua candidatura à concelhia alenquerense.
