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Universidade Sénior – Em Samora Correia, três mulheres que encontraram nas artes um ponto de encontro

Na sala de artes decorativas da Universidade Sénior de Samora Correia, as mesas enchem-se de tintas, molduras, pequenas fontes e caixas de madeira. A manhã avança devagar, entre pincéis a secar e conversas que se cruzam. Aqui, cada uma das participantes encontra o seu próprio ritmo – e, acima de tudo, companhia.

Maria Helena Gomes começou este ano na universidade sénio

Mariana Helena Gomes, 65 anos, é uma das recém-chegadas. Reformou-se este ano por invalidez e decidiu ocupar o tempo regressando a algo que tinha experimentado em 2015: o artesanato. “Já tinha feito umas aulas naquela altura. Agora, com a reforma, pensei em voltar. Ajuda-me a passar o tempo e a pôr em prática coisas que estavam esquecidas”, explica. Durante décadas trabalhou como motorista de empilhadores numa fábrica de detergentes no Porto Alto. Diz que nunca imaginou vir parar a uma universidade sénior. “Calhou”, ri-se. Mas o convívio e a possibilidade de aprender novamente tornam a experiência “boa e necessária”.

No dia da nossa reportagem, Maria Natália estava a moldar uma fonte em barro

Ao lado trabalha Maria Natália Costa, 66 anos, também ela puxada para o projeto por uma amiga. “Disse-me que fazia bem. E eu vim.” Está a pintar uma pequena fonte ornamental que pretende colocar no jardim da sua casa. Nunca tinha feito artes decorativas, mas tinha curiosidade antiga. “Sempre tive jeito com as mãos. Se há alguma coisa para arranjar em casa, é comigo.” Antes de chegar aqui, trabalhou muitos anos na construção civil e mais tarde num lar. Vive em Samora Correia há 25 anos. Veio de Lisboa e confessa que o contraste foi grande: “Quem vem de uma cidade grande estranha. Mas aqui é muito tranquilo, gosto muito de viver cá.” Na universidade, quer aprender velas, arranjos de flores, pintura – “o que houver”.

Mais experiente nestas lides está Virgínia Pinto, 78 anos, uma das alunas mais antigas do polo. “Só não estive no primeiro ano”, diz com orgulho. Tem várias peças prontas na mesa, incluindo uma caixa grande feita por si. Sempre gostou de trabalhos minuciosos, mas só com a reforma conseguiu dedicar-lhes mais tempo. Foi comerciante e, durante vários anos, mediadora de seguros. Hoje, o artesanato e o convívio são parte essencial dos seus dias. “Fazem-se coisas bonitas e estamos juntas. Isso é o mais importante.” Aprendeu técnicas novas — decoupage, pintura, trabalhos com bolinhas decorativas — e acredita que a aprendizagem contínua é o que lhe dá energia. “Ainda vou aprender até morrer”, afirma, sorrindo.

Entre as três, há percursos de vida muito diferentes, mas um ponto comum: a universidade sénior oferece estrutura aos dias, companhia e a sensação de pertença. Algumas peças vão para casa, outras são oferecidas. Mas mais do que os objetos, é o tempo partilhado que parece valer a pena. “Isto é bom para a cabeça”, resume Virgínia, enquanto Mariana ajeita um pincel e Natália avalia a cor da água que tenta recriar na fonte. No polo de Samora Correia, cada manhã começa mais ou menos assim: um convite para aprender, para falar, para estar com outros. E isso, para quem chega à reforma ou vive mais isolado, faz toda a diferença.

Nova presidente da Câmara pretende reavaliar o modelo

No concelho de Benavente, onde funcionam polos em Samora Correia e Benavente, o modelo encontra-se em reavaliação. A presidente da Câmara, Sónia Ferreira, confirma que está a decorrer uma análise interna para reorganizar o funcionamento da Universidade Sénior, reforçar a oferta e garantir que responde às necessidades atuais. “Não está em cima da mesa o encerramento de polos. O objetivo é melhorar, diversificar e adaptar os serviços à realidade local”, assegura.

Um dos desafios tem sido a descentralização. Apesar de existir oferta em todas as freguesias, há disciplinas — como bordados ou trabalhos manuais — que apenas podem ser disponibilizadas quando existem professores voluntários. Atualmente são 30, número que a vereadora considera insuficiente: “Precisávamos de mais alguns para levar as atividades a mais locais. É um dos grandes desafios.”

Apesar das dificuldades comuns aos dois territórios — captação de voluntários, heterogeneidade das freguesias e limitações de recursos — tanto Alenquer como Benavente convergem numa prioridade: garantir que a população sénior encontra nestas universidades um espaço de participação ativa, convívio e continuidade da vida comunitária.

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