Costuma dizer-se que não há uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão.
No seu primeiro Debate sobre o Estado da Nação do passado dia 17 de julho, na Assembleia da República, nas suas novas funções, parece-me que foi o que o Primeiro-Ministro Luís Montenegro conseguiu… De facto, não passou uma boa impressão.
Em primeiro lugar, não se percebendo bem a que propósito, repetiu ad nauseam uma expressão, popularizada pelo seu antecessor: “palavra dada é palavra honrada…” Com que intuito, com que necessidade? Será só falta de originalidade? Já não bastava governar com o Orçamento e o excedente orçamental que o seu antecessor lhe deixou, é preciso também “copiar-lhe” os slogans?
Depois, tentou fazer crer que nestes 100 dias resolveu todos os problemas que o “Governo anterior em mais de 3000 dias não conseguiu resolver”, como se os problemas e desafios de uma governação se não fossem renovando todos os dias (como se renova a vida do dia-a-dia), como se a legislatura anterior não tivesse sido interrompida de forma abrupta (quando nem a meio ia) não tendo sido possível concluir processos já iniciados e em curso pelo anterior Governo, e como que se antes deste Primeiro-Ministro, nenhum outro tivesse feito nada pelo seu país… Cheguei mesmo a achar que o Dr. Luís Montenegro deve acreditar que descobriu Portugal agora, e que não somos um país desde 1143, num discurso mais próprio de um “mitómano” muito cheio de si e não de um Primeiro-Ministro responsável, que deve ter cautelas com o contexto nacional e internacional muito complexo que vivemos, e sobre este contexto nem uma palavra. Nem uma palavra sobre a Ucrânia, sobre Gaza, sobre os impactos que as eleições norte-americanas poderão ter na União Europeia… zero!
Sobre o caos no INEM e nas urgências dos Hospitais (que se agravou… afinal não era mesmo um problema fácil de resolver), e que não vai lá com planos de emergência que só pretendem desviar recursos do SNS, nem uma palavra…
Como se isto não bastasse, finalmente concentrou grande parte do seu discurso a atacar a oposição, referindo que a oposição é que está um caos… digamos que num Primeiro-Ministro que governa sem maioria, e a ter que fazer passar um Orçamento de Estado (dentro de sensivelmente três meses) para poder continuar a governar, digamos que é “esticar a corda”, ou quiçá mesmo está apenas a tentar criar um clima de molde a seguir os conselhos do seu “orientador espiritual de Boliqueime”, isto é, criar propositadamente uma crise política (com o chumbo do Orçamento de Estado para 2025) e provocar eleições legislativas antecipadas na esperança que estas “benesses” que anda a distribuir à conta do Orçamento de Estado de 2024 (aprovado no tempo do Governo PS) e do excedente orçamental socialista lhe granjeiem os votos necessários para reforçar a sua atual curta maioria… numa jogada que mais parece digna de um jogador de poker…
O Dr. Luís Montenegro esquece-se, no entanto, que o país de 2024 não é o país de 1994, e os portugueses já deram mostras de ser um Povo atento e astuto que não se deixa enredar por jogos políticos e cortinas de fumo.
Os portugueses mereciam mais do seu Primeiro-Ministro, que não esteve à altura do Estado da sua Nação! O país precisa de mais que isto!