Com o aproximar da época festiva, as estradas portuguesas voltam a ser palco de inúmeras campanhas de sensibilização por parte da GNR e da PSP. Nesta altura é comum ver um reforço de patrulhamento por parte das autoridades nas nossas estradas, enquanto os corpos de bombeiros se revezam para dar apoio em algumas zonas mais sensíveis. Numa altura em que as obras na Nacional 3 podem vir a proporcionar melhores condições de segurança e circulação, há que recordar que a falta de civismo e a despreocupação dos condutores continua a imperar. Em 2024 os bombeiros de Azambuja já se registaram 68 ocorrências com saídas efetivas para cenários de acidente nas estradas do concelho.
É por isso importante que estas ações de sensibilização por parte das autoridades continuem. A sua visibilidade em algumas vias, a fiscalização que asseguram, e em alguns casos os seus conselhos, fazem toda a diferença na vida dos condutores.
A época festiva é um misto de chegada de emigrantes, com o aumento do fluxo automóvel dentro de portas, em que o risco de acidentes está sempre presente, devido ao mau estado de muitas vias. É o caso da Estrada Nacional 3. Considerada como um dos pontos negros pelas autoridades locais e pelos Bombeiros de Azambuja, tem sido esta um foco de preocupações. No passado fizeram-se vigílias, ações de sensibilização com a população, o que resultou numa pressão ao Governo. Mas demorou anos até que as obras aparecessem no terreno com a construção de rotundas, que fazem toda a diferença, tendo em conta que aquela é uma via partilhada por pesados e ligeiros e com um fluxo de pesados acima da média.
Thays Freixo, Comandante dos Bombeiros de Azambuja, assume na Rádio Valor Local, que aquele é um troço de estrada preocupante. Pese embora o facto de os bombeiros terem adquirido recentemente uma viatura de desencarceramento com características únicas, a via é alvo diário de sobressaltos. Ainda assim, assegura que neste ano que agora termina, o número de acidentes com vítimas baixou, mas a colisão entre viaturas aumentou, segundo a comandante, devido a distrações.
Com obras a decorrer, para melhorar a via e minimizar acidentes, Thays Freixo, sublinha o desafio para os veículos de emergência. Há alturas de muito trânsito e com a via “estrangulada” em alguns pontos, o socorro pode chegar tarde. Ainda não aconteceu, porque tem prevalecido a consciência dos condutores ao cederem a passagem aos veículos de emergência.
O Capitão João Costa, Comandante do Destacamento da GNR de Alenquer, sublinha por seu lado que a própria Estrada Nacional 3 é uma preocupação. O Comandante partilha das preocupações dos bombeiros, recordando que “é uma via com muita afluência, temos noção disso, devido ao facto de ser uma zona de muitas plataformas logísticas”. tendo em conta a diversificação de viaturas que passam na via.
Não sendo esta uma zona de intervenção prioritária da GNR de Alenquer, os militares acabam por fazem ainda assim muitas ações de sensibilização. O Capitão João Costa, sublinha que nestas ações “o objetivo principal passa pela prevenção e sensibilização dos nossos condutores”.
Em 2018, Inês Louro, em conjunto com André Salema, atual presidente da Junta de Azambuja, e Joaquim Ramos, anterior presidente da Câmara, constituíram aquela que ficou conhecida como a Plataforma Nacional 3. O movimento que juntou dezenas de habitantes de Azambuja conseguir alertar consciências ao levar a cabo uma série de iniciativas, nomeadamente, vigílias e marchas lentas. O resultado, depois de muita pressão, culminou com as obras que estão agora a decorrer para a construção de rotundas.
Inês Louro sublinha que o movimento, entretanto desmobilizado, principalmente, devido ao falecimento de Joaquim Ramos, é fruto do trabalho desenvolvido nos anos anteriores. “Sempre disse que a nossa tarefa só estaria concluída no dia em que as obras terminassem”, no entanto, “o facto de se estarem a desenrolar e haver uma calendarização já nos vai dando tranquilidade”. Ainda assim, Inês Louro sublinha que a via padece de um outro problema.
O drama dos camiões estacionados na berma já causou mortes mas tudo continua na mesma
Ainda está na memória o embate de um veículo ligeiro há meia dúzia de anos num camião estacionado nas bermas da Nacional 3. A passageira desse veículo acabou por falecer. Aquela que devia ser um corredor de segurança, é uma espécie de corredor da morte. Não são 2 nem 3 veículos pesados estacionados entre Azambuja e o Carregado. O Valor Local já contou cerca de 40 de um lado e de outro ao longo dos 13 quilómetros que separam as duas localidades.
O Valor Local sabe que existe um “braço de ferro” entre algumas empresas de pesados e o armazém da Sonae e que não lhes é permitido que estacionem nos parques da empresa. O resultado está à vista com dezenas de camiões estacionados nas bermas e a consequente retirada de visibilidade em alguns locais aos outros condutores. Uma preocupação também espelhada por Inês Louro, que exerce funções de vereadora na Câmara de Azambuja. Os motoristas de camiões e as empresas têm beneficiado neste campo: estacionam à revelia nas escapatórias da Nacional 3 durante horas a fio, muitas vezes tapando a visibilidade de quem está nos abrigos de passageiros e aguarda a chegada do transporte público, e nos últimos tempos até um camião abalroou uma paragem de autocarros e nada aconteceu. Numa das últimas reuniões de Câmara foi adiantado que a Salvesen, uma das empresas do corredor logístico de Azambuja, possui parque de estacionamento, mas os motoristas não estacionam no seu interior e pouco ou nada é adiantado quanto a tal. Inês Louro daquilo que sabe reflete que “os motoristas têm de aguardar fora das empresas para efetuar as cargas e descargas, quando devia ter sido assegurado esse espaço no interior das logísticas”.
Um assunto difícil de resolver, tanto mais que segundo o Comandante da GNR, a inexistência de parques de estacionamento de pesados, existentes em alguns casos, acaba por agudizar a situação, sublinhando as ações de fiscalização da GNR. Contudo Inês Louro riposta que existe um parque de estacionamento em Vila Nova da Rainha, “mas o problema é que os motoristas não querem andar cerca de 800 metros”. “Possivelmente se fossem mais vezes multados pelas forças de segurança este cenário que vimos na estrada nacional deixava de acontecer”.
E para os bombeiros, este é também um problema: “Não falamos de dois ou três carros, mas de uma extensão muitas vezes considerável de veículos estacionados, que traz outra preocupação: o fluxo de peões de um lado e do outro da berma da Nacional 3” explica Thays Freixo.
A comandante dos Bombeiro observa que para além do estacionamento de pesados, também os funcionários dos armazéns de logística, estacionam nas bermas ou “onde houver espaço” nem que para isso “parte do veículo já esteja a entrar na faixa de rodagem.”
Aumento da Circulação de Trotinetes
Tem sido uma tendência crescente. Não só pelo preço, mas pelas facilidades de circulação que trazem à vida das pessoas. As trotinetes e as bicicletas elétricas têm assumido um peso significativo na vida moderna. O aumento dea circulação destes veículos aparentemente inofensivos tem sido um desafio para os bombeiros, GNR e até para os outros condutores. Na Nacional 3 conduzir uma veículo destes em determinados períodos condiz com perigo.
À hora de ponta ou a qualquer hora do dia e até da noite, verifica-se um fluxo fora do normal de trotinetes, nomeadamente, nas horas de entrada e saída dos armazéns de logística e das fábricas existentes.
A comandante dos bombeiros refere que estes veículos não estão devidamente sinalizados, e que até mesmo os utilizadores não trazem, na maioria dos casos, qualquer colete refletor para sinalizar a presença.Para a GNR, esta também é uma preocupação crescente. Não existe ainda legislação suficiente para que as autoridades possam atuar junto dos utilizadores das trotinetes, e pouco mais se pode fazer, do que apenas aconselhar.
Na Rádio Valor Local, o Capital João Costa recordou os aspetos básicos da segurança -a utilização de sistemas de proteção como o capacete ou o uso de refletor “principalmente em períodos noturnos, e aqui nas situações de transição entre o dia e a noite, o que é sempre importante” porque a mancha visível é reduzida. O capitão acrescenta que “o perigo efetivamente existe, e já aconteceram alguns acidentes com estas pessoas”.
Ao Valor Local, o João Costa sublinha que nesta altura as trotinetes não têm seguro. Todo o processo de um acidente entre uma viatura deste tipo e um veículo ligeiro ou pesado é tratado apenas entre seguradoras. O mesmo se passa com os grupos de ciclistas que circulam nas nossas estradas. Muitos também não têm qualquer tipo de seguro, e para o capitão, esta é mais uma “dinâmica” difícil de controlar. Por vezes a guarda através do destacamento de Alenquer faz algumas ações junto de locais onde estes ciclistas acabam por circular com maior frequência como na zona de Ota ou no Montejunto.
Com o ano a terminar, no concelho de Azambuja, e mesmo antes de acabar o ano estão contabilizadas 68 saídas para socorro nas estradas, mas o número de acidentes já impressiona. De acordo com a comandante dos bombeiros, registaram-se várias colisões de veículos ligeiros de passageiros ou ligeiros com pesados. O número de despistes também aumentou face ao ano passado, “ou seja, talvez a distração com a tecnologia pode ter trazido um aumento dos despistes de veículos ligeiros”.
Em 2024 os bombeiros de Azambuja já se registaram 68 ocorrências com saídas efetivas para esses cenários “e o ano ainda não acabou, portanto já vamos um pouquinho acima do ano passado” segundo a comandante, que no total assinala 55 vítimas transportadas.