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Camionista do aterro de Ota: “Lixos italianos vêm em sacos rebentados e a cheirar a podre”

É um dos camionistas que cumpre o trajeto diário que liga o porto de Setúbal ao aterro de resíduos não perigosos de Ota no concelho de Alenquer. Vamos chamar-lhe Etelvino. Em entrevista exclusiva ao Valor Local aceitou falar daquilo que presencia todos os dias naquela unidade gerida pela Blueotter. Um dos fenómenos que conseguiu presenciar, nos últimos tempos, no aterro de Ota “foi gás a borbulhar na água”, com “um cheiro a ácido intenso”. “Tenho-me sentido um bocado mal com aquilo mas não posso dizer ao patrão que não vou, é até cair para o lado”, lamenta-se.

Os resíduos chegam ao aterro embalados, mas por vezes “molhados e com um cheiro a podre insuportável”. No seu caso encontra-se a transportar resíduos italianos. “Quem diz que aqueles lixos já se encontram decompostos e não largam cheiros não é assim que acontece. Ainda estão a deitar líquidos para fora, e deixam o camião depois de descarregado a cheirar mal e completamente imundo. Alguns sacos vêm todos rebentados, outros chegam mesmo podres”, descreve. Só para Ota vão ser encaminhados, entretanto, mais 90 contentores, cada um com cerca de 27 toneladas.

“Sempre ouvi dizer que o lixo italiano devia ser aproveitado para fazer biogás mas nada disso está a acontecer”. O lixo italiano chega por via marítima ao cais de Setúbal e à Sotagus em Santa Apolónia. O movimento de camiões é diário a partir daquelas localizações para os aterros da região, para o aterro da Triaza em Azambuja, mas também para a Chamusca. Mais a sul temos Sines, e a norte Leixões, onde chegam outros carregamentos de lixo italiano ou de outros países como Malta. 

​Neste tempo de Covid-19, Etelvino diz que não há máscaras no interior da unidade de Ota, “apenas algum gel para desinfetar as mãos, de resto tenho de trazer de casa”. Para além disso “encerraram as casas de banho com isto da pandemia e não tenho outro remédio se não ir ao meio do mato”, continua a descrever.

Contratado por uma empresa que presta serviços para o aterro de Ota, refere que mesmo assim há algum rigor no transporte de resíduos, nomeadamente, no que toca ao preenchimento das guias com os materiais transportados. Recorde-se que o ministério do Ambiente contornou essa obrigatoriedade devido à pandemia o que motivou um requerimento do PAN que acusou o ministério de João Pedro Matos Fernandes de facilitismo.

Pior mesmo é o cenário que se vive no Centro Integrado de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos da Chamusca (CIRVER). “Consegue ser muito pior do que a Ota ou a Azambuja”. “Tem mais de 200 metros de altura e nove quilómetros de diâmetro”. No dia em que nos encontrámos transportava para o aterro de Ota cerca de 28 toneladas de resíduos. Calcula que todos os dias chegam à Ota 50 camiões, cada um transportando as ditas 27 a 28 toneladas. 

A proliferação de animais na zona do aterro é intensa. Para além das gaivotas, dos milhafres, e falcões, há ainda cães e gatos. “Os milhafres jogam-se aos outros animais, e a putrefação aumenta”. Os focos de contaminação apesar da distância a que o aterro fica das localidades mais próximas são uma realidade latente, “porque as gaivotas transportam o lixo dali para fora em grande quantidade, porque os bandos também são enormes”. Apesar de  os maus cheiros não chegarem a Ota na mesma dimensão do que acontece em Azambuja, o Valor Local sabe que são frequentes as queixas de quem se costuma deparar com muitos resíduos do aterro nos campos em redor da localidade, nomeadamente, plásticos trazidos pelas gaivotas.

A dimensão desta unidade “é enorme”. “Não sei se nem daqui a dez anos aquilo está cheio!”, conclui.

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