Três dramaturgos entram num estúdio de rádio… Este poderia ser o início de uma anedota, mas não, não é disso que se trata, mas sim, da edição de março de Ler é o Melhor Remédio Especial. E como março é o mês do teatro, foi a Arte de Talma o destaque desta emissão.
Miguel Falcão, Alice Falcão e Ricardo Cabaça – São estes os dramaturgos que embora representem cada um, uma geração diferente, têm algo em comum, o prémio Henrique Lamas, galardão com que a Junta de Freguesia de Alhandra, premeia anualmente os talentos na área da escrita. Miguel foi o presidente do júri, Alice e Ricardo, os vencedores nos escalões jovem e adulto, respetivamente.
Vencedores de vários concursos literários e de dramaturgia, e com uma obra, publicada, até além-fronteiras, Miguel Falcão e Ricardo Cabaça têm um currículo que fala por si. Já a jovem Alice, aos 15 anos, quase a fazer 16, divide-se entre o sonho de ser atriz, a dramaturgia, e vai alimentando dentro também o bichinho da política, que já a fez inclusive, ser presidente da junta de freguesia de Alhandra, durante um dia, num projeto que visa aproximar a política da juventude.
Como se trata de um programa de livros, o início de conversa foi acerca da edição em livro de textos de teatro, e segundo os nossos convidados, apesar de se verem muitas pessoas nas salas, para o português em geral, o teatro é visto “como algo já encenado”, e “não como o texto em cru que se vai ler”, embora segundo Miguel Falcão, o exercício da leitura de um texto teatral possa ser uma experiência estimulante e diferente. Miguel diz ainda que há atualmente um grande número de autores a escrever e mesmo a publicar, embora não tenham o mediatismo de uma meia dúzia que todos conhecem.
Um desses novos autores, é a Alice que uma série de fatores levaram a que participasse no concurso literário da sua freguesia. Para Alice, escrever é algo libertador e apesar de ser ainda muito jovem, gosta de escrever sobre o 25 de Abril e os tempos que o antecederam. Diz que muitas histórias da sua família sobre o assunto a puxam para isso. Como o tema do concurso era a Liberdade, resolveu após insistência de algumas pessoas próximas, concorrer e acabou por ganhar na sua categoria com a primeira peça que escreveu.
Apesar de ter vencido na sua categoria com um conto, Ricardo Cabaça, é um dramaturgo de créditos firmados e que teve recentemente na RTP 2, uma série da sua autoria, “o Regresso a Ithaca”, uma adaptação moderna da “Odisseia de Homero” e onde procurou fazer brilhar a palavra e tentar trazer o teatro à televisão.
O papel do teatro na sociedade foi algo que também teve o seu espaço na conversa. Todos concordaram que a escrita teatral e o teatro em si são essenciais para o desenvolvimento do ser humano, como pessoa e não devem existir temas tabus na escrita teatral e muito menos censura em sociedades que se dizem democratas. O teatro faz pensar e o pensamento é que faz o mundo girar.