Lamento a desilusão mas não iremos falar sobre futebol…
Mas de facto a política portuguesa está muito parecida a um jogo de futebol muito tático, com as próximas eleições europeias de 9 de Junho como pano de fundo, e que poderão condicionar ou marcar o tom da atividade política dos próximos meses.
Se há um mês aqui escrevemos: “não basta citar Saramago…” e que o Governo e o Primeiro-Ministro ao invés de se vitimizarem e procurarem passar o ónus da instabilidade política para o PS referindo que este não se deveria comportar como uma força de “bloqueio”, a verdade é que passado um mês (penoso para o Governo diga-se) muita coisa aconteceu:
Neste mês ficou a nu o embuste criado pelo Governo sobre o propalado “choque fiscal” com a redução do IRS, que afinal apenas acrescentou cerca de 300 milhões de euros aos 1300 milhões de redução do IRS aprovado pelo Governo Socialista para o Orçamento do Estado 2024. Ficámos a saber na praça pública, sem apelo nem agravo, que vários altos dirigentes do Estado, por não terem um cartão cor de laranja no bolso são incompetentes e têm de ser imediatamente substituídos. E ficámos também a saber que o grande “remédio” para a escassez de recrutas para as Forças Armadas portuguesas é afinal consagrar o serviço militar obrigatório para os “jovens delinquentes”. Enfim, infelizmente não foi ficção, foi mesmo a realidade e o Governo a fornecer ótimo material para o programa televisivo domingueiro de Ricardo Araújo Pereira: “Isto é gozar com quem trabalha”.
O PS durante este mês conseguiu aprovar já 3 das 5 medidas que o Secretário-Geral Pedro Nuno Santos anunciou, no discurso de encerramento do debate do Programa de Governo na Assembleia da República, como prioridade da sua iniciativa política nesta primeira fase da nova legislatura. Duas delas aprovadas no Parlamento, nomeadamente: (i) a eliminação das portagens nas auto-estradas ex-SCUT; e (ii) aumento da despesa dedutível com arrendamento até aos 800 euros, e a terceira no último Conselho de Ministros, com o Governo da AD a executar essa medida do programa eleitoral do PS de excluir os rendimentos dos filhos como condição para acesso ao Complemento Solidário para Idosos.
Esta terceira medida, e o facto de se ter antecipado à iniciativa já agendada do PS para final de maio no Parlamento (dia 24), é reveladora de uma aparente mudança de tática da parte do Governo, veremos se esta tática funcionará, visto que no primeiro mês a vantagem estava do lado da oposição liderada pelo PS que teve a capacidade de aprovar mais medidas importantes para os cidadãos do que propriamente o Governo.