Escrevemos aqui há um mês “(…) Só não haverá Orçamento se o Primeiro-Ministro Luís Montenegro não quiser, basta deixar cair o “seu IRS jovem” e o “seu IRC” que custam ao Estado mais de 1500 milhões de euros, e ao invés investir esse dinheiro em mais habitação pública e reforço de meios ao dispor do SNS. Isso sim será governar para “todos, todos, todos…””
E assim foi, o PS decidiu pela abstenção na votação na generalidade e final global da proposta de lei de Orçamento do Estado para 2025, não obstante o Governo da AD não ter cedido integralmente às condições sugeridas pelo PS. Uma vez mais, o PS foi assim o “adulto na sala” que garantiu um Orçamento de Estado ao país num momento em que o país bem dispensava mergulhar em mais uma crise política.
O Orçamento do Estado para 2025 não será o orçamento do PS até porque revela um preocupante desinvestimento em serviços públicos essenciais como é o caso da saúde.
Talvez por ver a aprovação do seu primeiro Orçamento do Estado garantida, no Congresso do PSD que teve lugar em Braga, o Primeiro-Ministro e Presidente do PSD apareceu com uma pose triunfal e talvez entusiasmado com o facto de estar a conduzir o “carro da governação” que lhe foi entregue pelo anterior Primeiro-Ministro com o depósito atestado e a revisão feita, acha que pode guinar o carro para onde bem quiser…
E pelos vistos, pretende conduzir para a extrema-direita, tendo anunciado como medida fundamental para a Educação alterações na disciplina de cidadania (numa clara deriva populista que até mereceu o aplauso do Chega), tendo proferido também um discurso muito securitário (como que antecipando os acontecimentos recentes ocorridos após a morte de Odair Moniz na Cova da Moura).
São sinais que poderão ser preocupantes, a que se soma uma estratégia velada de controlo dos órgãos de comunicação social e de ataque à RTP…
Cada vez mais, é importante que o Governo governe olhando para o pára-brisas dianteiro e menos para o espelho retrovisor, e que a oposição por nenhum momento deixe de fiscalizar a sua ação governativa. Os desafios são mais que muitos e as ameaças estão aí ao virar de cada esquina.