O último Relatório Anual dos Serviços de Águas e Águas Residuais (RASARP) confirma que o setor da água em Portugal se encontra estagnado, com desafios estruturais que persistem. De acordo com os dados referentes a 2023, o desperdício de água no nosso país é preocupante, com 225 milhões de metros cúbicos de água não faturada, o que representa uma perda de 26,9% do total de água distribuída. Ou seja, de toda a água tratada que é distribuída, mais de um quarto é desperdiçada na rede.
São números alarmantes e que demonstram bem os problemas estruturais que afetam o setor e para os quais não se vislumbra uma solução rápida. Aliás, de acordo com o mesmo relatório, das 228 Entidades Gestoras em Baixa, 165 continuam a reportar perdas de água superiores a 20%, o que é inaceitável para a sustentabilidade do sistema hídrico nacional. Não podemos continuar a desperdiçar água, a gestão eficiente dos recursos hídricos tem de ser uma prioridade.
Vale por isso a pena sublinhar o trabalho que tem vindo a ser realizado na Águas da Azambuja, e que permitiu, em 2023, reduzir as suas perdas para 21,5%, e, em 2024, para 19,9%, situando-se atualmente abaixo do limiar de 20%, considerado bom pela ERSAR. Este sucesso só é possível graças à otimização que tem vindo a ser feito nas redes de água, na implementação de tecnologias que permitem otimizar a monitorização dos sistemas, no aperfeiçoamento do levantamento cadastral, em campanhas de deteção de fugas com equipas internas e subcontratadas, e na substituição do parque de contadores.
A inovação tecnológica assume assim um papel importante na melhoria da eficiência na gestão dos recursos hídricos. A utilização de sensores inteligentes, big data, e sistemas de monitorização em tempo real têm permitido uma maior precisão na deteção de fugas e a consequente melhoria da manutenção das infraestruturas, o que contribui para minimizar os custos e melhorar a qualidade do serviço prestado à população.
Por outro lado, importa destacar o empenho diário das equipas de trabalho, assim como a colaboração dos Azambujenses no alerta de possíveis problemas relacionados com roturas de água nas redes, que têm sido fundamentais para os bons resultados alcançados.
Em Portugal existe ainda um longo trabalho a desenvolver para garantir uma gestão eficaz e sustentável deste recurso que é finito. É por isso crucial que a eficiência na gestão da água seja encarada como uma prioridade, especialmente numa altura em que o impacto das alterações climáticas se faz sentir de forma cada vez mais acentuada no ciclo da água, com períodos de seca e de chuvas intensas.
Em paralelo, importa apostar na educação e sensibilização da população para a importância do valor da água, promovendo o seu uso racional. A água é um recurso vital para a vida e é por isso fundamental que todos, enquanto sociedade, possamos assumir um compromisso sério encarando a sua utilização racional como uma urgência e uma prioridade. Só assim conseguiremos assegurar o acesso à água às gerações vindouras, garantindo um futuro que todos queremos mais sustentável.
António Cunha, Presidente do Conselho de Administração da Águas da Azambuja
