O candidato do Bloco de Esquerda (BE) à Câmara de Azambuja, António Pito, apresentou este domingo a sua candidatura aos militantes, com um discurso de improviso, mas carregado de críticas à gestão socialista do município. “Há quatro anos estive exatamente neste lugar. Esta campanha vai ser ainda mais difícil”, admitiu, sublinhando que o objetivo passa por “passar a mensagem” e mostrar que o BE “não se foi abaixo” apesar de resultados eleitorais modestos.
A habitação foi o ponto de partida da intervenção. Pito acusou a autarquia de nada ter feito no âmbito do programa Primeiro Direito, lembrando que “a Câmara não aproveitou uma gestão para recuperar casas ao abrigo do Primeiro Direito”. Como exemplo, apontou o concelho vizinho do Cartaxo que “recorreu a diversos programas e foi buscar bastante dinheiro”. Também no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), considerou, “não se fez nada”, e destacou imóveis cedidos pelo Ministério da Justiça “sem qualquer avanço”.

Outra prioridade é a mobilidade. O candidato recordou que a Câmara decidiu ficar fora da Área Metropolitana de Lisboa, o que, na sua perspetiva, impede a chegada dos autocarros da Carris Metropolitana a Azambuja. “Temos autocarros da Carris metropolitana no Carregado, mas não chegam à Azambuja porque, por uma opção económica, ficámos de fora” refere o candidato aludindo ao facto de Azambuja já não integrar a AML, estando agora ligada à CIMLT.
O candidato sublinha ainda que muitas zonas do concelho, como Manique e Maçussa, sofrem com desertificação e isolamento, defendendo uma rede de transportes municipais que leve os moradores até à estação de comboios.

No apoio social, o candidato reclamou “um gabinete SOS a nível concelhio” para pequenas emergências domésticas e destacou a carência de serviços de proximidade para a população idosa. “Temos uma população muito envelhecida e as pessoas não têm um serviço de apoio como noutras freguesias”, disse, apontando o uso de verbas municipais, cerca de “900 mil euros de compensação de um armazém em Vila Nova da Teira”, em asfaltamentos de última hora, quando “deviam ser aplicadas em infraestruturas para idosos ou parques infantis”.
A saúde foi outro alvo de críticas. O bloquista denunciou as consultas por videoconferência no centro de saúde. “A pessoa vem ao centro de saúde, julga que vai ser consultada, e depois sentam-na em frente a um computador”, lamentou, considerando a prática “um projeto de bata branca” que não resolve os problemas. Defendeu incentivos para fixação de médicos, inclusive criando oportunidades de emprego para os seus cônjuges, “seja um casal heterossexual ou homossexual”.

No capítulo dos direitos dos animais, Pito censurou a ausência de um canil municipal e a falta de recurso às verbas estatais para esterilização e recolha de animais errantes. “Nem ensinaram o privado. E não há política animal”, acusou. Reiterou ainda a posição crítica face às touradas: “Distingo o que é uma largada, que é uma brincadeira tolerável, de uma tourada em que há grande sofrimento animal porque há sangramento”.
António Pito deixou claro que o Bloco de Esquerda pretende “marcar presença” e levar “uma mensagem de mudança” para a Azambuja, centrada na habitação, transportes, saúde, apoio social e direitos dos animais.