O Laboratório para o Estudo dos Solos que faz parte do projeto Arruda Lab apresentou os seus primeiros resultados durante a Festa da Vinha e do Vinho. Apesar de os agricultores arrudenses terem muito que melhorar nas diversas formas de tratar os solos, há para já vários aspetos positivos a valorizar como o facto de no cultivo da vinha, os produtores estarem de parabéns em muitos aspetos. Esta foi uma das conclusões apresentadas pelo biotecnólogo da empresa Food for Sustainability, Luís Martins, responsável pelo laboratório em questão. Contudo os agricultores arrudenses ainda consideram que este projeto não está devidamente divulgado junto dos agricultores locais e alguns dos que marcaram presença numa sessão de apresentação pediram mais informação online, até porque nesta altura estão a enviar amostras de solo para análise no estrangeiro.
Luís Martins referiu-se à riqueza dos solos locais onde se planta desde hortícolas, pomares e vinhas, mas o agricultor pode tirar mais proveitos da terra do que aqueles que atualmente consegue, e é aí que entra o laboratório que pode fornecer ferramentas nesse sentido. Minimizar o efeito de saturação dos solos é só um dos objetivos que o agricultor pode ter ao seu alcance, neste aspeto. Para já a Food For Sustainability fez algum trabalho de campo, esteve em oito propriedades, recorrendo a fotografias áreas e a drones para fazer uma espécie de cartografia, mas ainda não foi capaz de mostrar o quadro geral – “Se calhar daqui a quatro ou cinco anos temos aqui radiografias possíveis de ajudar o agricultor a tomar as melhores decisões. Mas não há histórico, e essas análises precisam de ser históricas, úteis para a evolução do que queremos”.
Luís Martins exemplificou que com mais trabalho poder-se-á perceber por que razão “uma planta não se consegue desenvolver numa diferença, por exemplo, de 50 metros, e isso possivelmente deve-se às condições em que está o solo”. Contudo deu os parabéns aos agricultores porque, pese embora, existirem aspetos a melhorar, os solos do concelho não se encontram demasiado exaustos. “A vinha encontra-se bastante homogénea, muito embora uma zona mais alta poder ter efetivamente, se calhar menos problemas a nível patológico, mas outros desafios a nível de agregação, de acumulação de nutrientes.”, acrescentou.
A agricultura de precisão é o futuro e é por aí que os agricultores do concelho podem atalhar com a ajuda deste laboratório – “Todos os produtores que visitámos perceberam essa ideia, querem ter mais informação sobre como produzir determinada cultura, possuir registos de tempo, parâmetros de ph, ciclagens, e presença de microrganismos – “Quem pensa que a agricultura não é uma ciência desengane-se é algo que requer uma técnica muito avançada”.
O especialista refletiu sobre a revolução no campo da alimentação e a presença de dois paradigmas em simultâneo em que o agricultor tem cada vez mais exigências, porque não pode escoar “batatas ou cenouras deformadas”, nem “tomates tortos” para as grandes cadeias, especialmente nos hortícolas, mas por outro lado, existe o apelo para se comprar cada vez mais ao produtor, numa estratégia de fomento das denominadas cadeias curtas presentes no mercado, onde se podem adquirir alimentos com maior densidade nutricional. “As pessoas sabem de onde vêm, sabem como são produzidos e os municípios podem ter um papel importante nessa matéria”.