Eleito presidente de junta de freguesia de Alverca- Sobralinho nas eleições autárquicas 2021, Cláudio Lotra não esconde o seu desalento com o rumo da gestão socialista imprimida por si – confessa que gostaria de ter feito mais, mas as transferências de milhão e meio de euros da Câmara não são suficientes. Diz-se desacompanhado pela Câmara de Vila Franca em muitas matérias a começar pelo apoio que podia ser maior em questões como as festas das duas freguesias, “porque não basta cingir-se aos eventos municipais”, mas também em matéria de limpeza e higiene urbana. Muitas vezes, encontra uma porta fechada do lado de lá, mas não é o único, assegura, pois esta é uma queixa transversal de todos os presidentes de junta do concelho, da mesma cor política de Fernando Paulo Ferreira, presidente da Câmara de Vila Franca.
O que correu mal na higiene e limpeza urbana
A dada altura, neste mandato, a limpeza e higiene urbanas começaram a ser fortemente criticadas pela população face ao estado de desleixo em que mergulhou. Lotra explica que o concurso foi para uma nova empresa, já que aquela que era habitual ficar com o serviço, desistiu, quando no passado poucas ou nenhumas queixas motivou. Uma nova empresa foi contratada (três concorreram ao concurso) mas desistiu ao fim de dois meses, queixando-se da falta de recursos humanos. Neste momento, a junta vai aumentar o valor base do concurso e esperar que o serviço melhore.
O número de assistentes operacionais da própria junta “fica muito aquém das necessidades.” para um território tão vasto. Em circunstâncias normais, os trabalhadores da junta efetuariam esse serviço em Alverca e a empresa privada em Bom Sucesso, Arcena e Sobralinho. Por outro lado, acusa os serviços de recolha da Câmara de deixarem lixos para trás quando vão despejar os caixotes e os contentores. “Na parte operacional, entre varrição, manutenção de zonas verdes, desmatações e obras, temos aproximadamente 40 funcionários. Se calhar o dobro não nos chegava para ter um serviço eficaz.” Cláudio Lotra desabafa – “A maior frustração do meu mandato foi o estado a que chegou a higiene urbana”.
Por tudo isto, Cláudio Lotra fala num mandato desgastante “porque apesar de não estarmos cansados, longe disso, acabamos por ter aqui um dispêndio de energia bastante grande”. Para 2025, o orçamento da junta é de dois milhões e meio de euros. Deu-se uma atualização dos valores transferidos pela Câmara, se bem que “ainda aquém do desejado”, mas a própria junta conseguiu cobrar mais receita naquilo que são os valores por utilização da via pública, e de publicidade estática.
Reforço das Festas anuais de Alverca e Sobralinho foi uma das apostas
O programa cultural da freguesia “Descentralidades” é um dos que destaca deste mandato, mas salienta ainda os apoios que são dados ao movimento associativo das duas freguesias. “Estamos a falar aproximadamente em 70 mil euros do nosso orçamento destinado ao apoio direto ao movimento associativo, fora aquele que é o apoio logístico, importante também”.
Cláudio Lotra sublinha que a junta deu um passo importante ao chamar a si a realização das festas anuais de Alverca e do Sobralinho, para que as populações conseguissem ter acesso a “mais qualidade e dignidade” nestes festejos. “É um esforço de toda a equipa da Junta de Freguesia, desde os trabalhadores até ao executivo. Começamos em novembro a organizar as festas que acontecem em maio e em junho”.
Um dos mais recentes problemas na freguesia prende-se com o elevado tráfego automóvel registado na zona do Salinas Park em Alverca com a abertura de algumas das lojas mais concorridas da região. “A Câmara apresentou um projeto que trabalhou com a Mota Engil, que é proprietária dos terrenos da antiga alfândega, com o objetivo de a partir daquela zona, nascer uma via de ligação paralela à linha do caminho de ferro, que vai ligar toda aquela zona ao IC2, diretamente a Loures. Isso será para avançar e permitirá outra fluidez ao trânsito”.
Durante a campanha eleitoral, Cláudio Lotra falou em empenhar-se o mais possível em prol do fecho do aterro do Mato da Cruz, mas até hoje continua tudo na mesma e há quem acuse o autarca de não ter dado nas vistas nesta matéria, ao contrário do que anunciou.
“Nas conversações que temos mantido com a Valorsul disseram-nos que estão a trabalhar para cumprir aquilo que é o contrato que está em vigor, que permite a deposição em aterro até o dia 31 de dezembro de 2026. Na última reunião que tivemos precisamente nas instalações do aterro com a responsável, a engenheira Patrícia, e um dos administradores que nos acompanhou, estes disseram-nos que estavam neste momento junto da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a desenvolver o projeto de selagem e de requalificação de superfície. Neste momento, aquilo que podemos constatar é que apenas uma das três células está a receber resíduos”.
Para o fim do mandato deverá ficar a inauguração do passeio ribeirinho entre Alverca e Sobralinho, um investimento de 8 milhões de euros na freguesia, que pelo que percebemos não enche as medidas do autarca, que gostaria de ver mais investimento da Câmara na sua freguesia em matéria de limpeza urbana e não só. Rita Merenda será agora a candidata do PS à União de Freguesias de Alverca/Sobralinho pelo PS.
