A execução dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) foi o tema que incendiou as redes sociais em Azambuja após o debate de sábado em Manique do Intendente, promovido pela Rádio Valor Local e pela associação JUMI.
Durante o encontro, o candidato do PSD à União de Freguesias de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa, Jorge Andrade, afirmou que “há um dado muito engraçado sobre o PRR: tanto o Cartaxo como Rio Maior pediram mais 10 milhões de euros ao PRR e obtiveram-nos. A Câmara da Azambuja pediu pouco mais de 800 mil euros. Não chegou a um milhão.”
Para o social-democrata, estes números demonstram falta de ambição da Câmara liderada pelo PS no acesso às verbas disponíveis. Andrade defende que, tendo em conta a dimensão económica e industrial do concelho, Azambuja poderia e deveria ter apresentado projetos mais robustos, apontando o contraste com municípios vizinhos que souberam tirar melhor partido do PRR.

As declarações motivaram resposta do vice-presidente da Câmara Municipal e candidato do PS, António José Matos, que através das redes sociais e em declarações ao Valor Local refutou os números apresentados. O autarca garantiu que “o concelho de Azambuja, no âmbito da CIMLT, está em quarto lugar no acesso a fundos do PRR, e o Cartaxo em quinto, com menos três milhões que Azambuja”, acrescentando que “em termos de execução estamos semelhantes, com cerca de seis milhões de euros executados”.
Ao Valor Local, Matos reforça que o município tem tido um papel determinante na mobilização e acompanhamento dos projetos PRR das IPSS do concelho. “Em termos de desenvolvimento económico, temos criado as condições para que as empresas se instalem no concelho de Azambuja. E para algumas já instaladas, temos criado as condições para que tenham todas as licenças necessárias, seja de urbanismo, seja do que for, para que consigam aceder aos fundos do PRR. Portanto, este é o segundo trabalho que a Câmara tem feito.”
Sobre o apoio às instituições sociais, o vice-presidente acrescenta que “nas IPSS, o que temos feito é, desde isentar taxas, dar apoios financeiros para contemplar a parte que seria das próprias IPSS e também criar infraestruturas necessárias para que possam desenvolver os projetos.”
As posições divergentes entre PS e PSD prolongaram-se nas redes sociais, com apoiantes de ambas as forças políticas a trocar argumentos sobre os números e a real dimensão dos investimentos. Segundo dados oficiais, os projetos diretamente submetidos pela Câmara Municipal de Azambuja totalizam 16 candidaturas, correspondentes a um investimento aprovado de 981 mil 470 euros e cerca de 80 mil euros já executados.
Comparativamente, a Câmara de Alenquer apresenta também 16 projetos, mas com 3,51 milhões de euros de investimento aprovado; o Cadaval regista 31 projetos e 3,98 milhões; e o Cartaxo surge com 15 projetos e 14,55 milhões de euros aprovados.
Apesar da controvérsia, António José Matos considera que “o essencial é reconhecer o esforço conjunto que tem sido feito para aproveitar as oportunidades do PRR”, defendendo que as autarquias, as IPSS e as escolas do concelho estão a executar projetos que farão sentir resultados concretos nos próximos anos.
A discussão sobre a execução do PRR não é exclusiva de Azambuja e tem gerado debate em vários municípios da Lezíria do Tejo, onde as diferenças entre candidaturas municipais e institucionais continuam a suscitar interpretações políticas distintas.