O concelho de Azambuja recebe já a partir do dia 1 de outubro, mais uma edição da “Gula”. Trata-se da iniciativa gastronómica local, que conta com a colaboração dos restaurantes aderentes com vista à valorização da gastronomia e à dinamização da restauração local. Este ano, em entrevista ao programa “Sexta-feira” da Rádio Valor Local, António José Matos, vice-presidente da Câmara de Azambuja, sublinha que estarão representados 20 restaurantes, um número que tem vindo a ser estável nos últimos anos desta iniciativa. O município está ainda a trabalhar para ganhar mais uma certificação gastronómica que possa elevar ainda mais o torricado, possivelmente na mesma lógica do que já foi feito com a Sopa da Pedra de Almeirim.
Sendo o Torricado, uma marca registada do concelho, acaba também por ser agregador. Reza a história que o Torricado foi “inventado” pelos agricultores que passavam dias a fio no campo e sem poder vir a casa. Fizeram este prato com o que tinham à mão. Pão duro, azeite e alho e bacalhau. Tudo ingredientes que duravam muito e sem frigorifico.
Já nos dias de hoje, o “Torricado” é um prato mais gourmet e servido de várias formas e feitios, ultrapassando classes sociais e unindo as pessoas através da “boa boca”, exemplifica.
Realiza-se desde 2012, a “Gula”, um evento gastronómico que tem vindo a ganhar adesão. São muitos os que procuram os restaurantes do concelho, por estes dias, mas também no resto do ano. E este é um desafio que a autarquia tem em mãos: promover o “Torricado” todo o ano e em vários restaurantes no concelho. E não é fácil, porque o restaurante pertença do município está fechado (ver caixa) e esse seria segundo o vice-presidente o espaço ideal para promover todo o ano esta iguaria.
“Tentamos sempre que os restaurantes aderentes à Gula tenham o Torricado nas ementas, e os vinhos do nosso concelho, que são bastante bons”. Segundo o vice-presidente, o número de restaurantes “está dentro do expectável”. “Estamos a ser mais rigorosos, não basta dizer quer querem aderir e depois não confecionarem o Torricado. Têm de apresentar este prato no mínimo uma vez por semana”.
Ainda assim, refere que a autarquia tem noção que a logística deste prato em contexto de restaurante não é fácil, “mas passamos a mensagem de que poderá ser compensador e com isso atraírem mais forasteiros.”
A prová-lo estão os eventos, integrados neste certame, em Vale do Paraíso, a Paraisabor, e em Azambuja, com o festival do Torricado, sempre com muita adesão e procura, ao ponto de existirem filas de espera para uma mesa. Nos restaurantes, a campanha do ano passado foi profícua. Segundo o vice-Presidente “conseguiu-se uma média de 57 refeições só de Torricado por dia”, durante o mês inteiro de outubro.
Mas a “Gula” não fica por aqui. O vice-presidente da Câmara de Azambuja, revelou também que a autarquia esta a registar um novo produto relacionado com o “Torricado”. António José Matos, destacou que nesta altura toda a equipa está a tratar de registar o prato como “Especialidade Tradicional”, ou seja, mais uma marca única ao nível europeu, recordando que em Portugal a única especialidade tradicional garantida é a Sopa da Pedra de Almeirim.
Restaurante Valverde ainda sem data de abertura
O Vice-Presidente da Câmara de Azambuja lamenta que o restaurante pertença do município ainda não tenha data para abrir. O espaço seria perfeito para ter torricado todo o ano “porque é uma obrigação contratual”, mas o concessionário tem tido dificuldades em cumprir os prazos.
Este espaço poderia satisfazer as centenas de peregrinos e turistas que semanalmente passam por Azambuja através dos “Caminhos de Santiago” e outras rotas, mas os atrasos nas obras e os desentendimentos entre o concessionário e o empreiteiro que ficou de fazer os arranjos na fachada, vieram a atrasar a obra.
António José Matos sublinha que já foram dados vários novos prazos ao concessionário, mas que por diversas razões, nunca foram suficientes.
Segundo o vice-presidente “não tem sido fácil levar a cabo aquela empreitada, e o timing está a apertar”, revelando que o deadline será em novembro, e diz-se cauteloso quanto ao assunto dadas as prorrogações de prazos até à data.
O autarca revela que não tem visto alterações na obra: “Não sei se está a andar, mas não parece, na medida daquilo que nós gostaríamos”, e lamenta o atraso porque aquele é um espaço de excelência do município, até para incentivar os outros restaurantes a investirem no “Torricado”.
António José Matos, sublinha a existência de mais uma prorrogação de prazo, mas esta terá de ser condicionada ao trabalho já efetuado naquele espeço pelo atual concessionário. O autarca sustenta que existe sempre a possibilidade de voltar a levar o assunto a uma reunião de Câmara para dilatar mais o prazo, mas destaca: “Se virmos que as coisas estão como estavam há 6 meses, então não faz qualquer tipo de sentido” e todo processo voltará ao inicio, mas com a agravante de que as obras naquele espaço, foram feitas pelo atual concessionário e que poderão não servir a outros.
Ouça a entrevista completa em podcast em valorlocal.pt